domingo, 4 de novembro de 2012

Mercado evangélico começa a se interessar por divisão audiovisual


Sucesso de vendas em diversos

segmentos culturais, como o

fonográfico e o literário, o mercado

brasileiro de produtos evangélicos,

que movimenta bilhões de reais,

começa a se interessar por uma

divisão pouco explorada, mas com

muito potencial: a do audiovisual. Ou

assim imagina a produtora carioca

Graça Filmes, que lançou, anteontem,

sem muito alarde, 52 cópias do longa-

metragem "Três histórias, um destino"

nas principais capitais do país.

Coprodução com a americana Uptone

Pictures, especializada em filmes e

programas de inspiração cristã, o

filme é escrito e dirigido pelo ator

americano Robert C. Treveiler (que

interpretou um pastor na série "One

three hills" e atuou em seriados como

"Dawson's Creek" e "Drop dead diva"),

a partir do best-seller homônimo do

missionário brasileiro R.R. Soares.

"Três histórias, um destino" fala sobre

três casos: um pastor obcecado pelo

poder; um menino de uma favela que

se envolve com o crime; e uma jovem

que se afasta de Deus depois do

casamento. O filme tem elenco

americano (pouco conhecido no

Brasil), é falado em inglês e só será

lançado nos Estados Unidos e em

outros territórios em 2013.

- Optamos por lançá-lo primeiro aqui

porque é uma produção baseada em

um autor brasileiro - explica Ygor

Siqueira, diretor da Graça Filmes,

produtora que atua no mercado

desde 2010, responsável pela série

infantil "Midinho, o missionário" e pela

distribuição em DVD de títulos

estrangeiros do gênero. - Acho que

chegou o momento de entrarmos

nessa seara. Na semana passada,

aconteceu a primeira mostra de filmes

cristãos no Rio. A igreja Bola de Neve,

que é bem jovem, está criando um

festival de curtas em São Paulo. O

"Três histórias" é um bom pontapé

para motivar quem quer fazer cinema

nessa linha. A página dele no

Facebook já foi curtida por mais de 40

mil.

Siqueira lembra que há várias

produtoras americanas que só

trabalham com o filão gospel. Mesmo

grandes estúdios abriram divisões

para o segmento, como a Fox Faith,

selo da Twenthieth Century Fox

voltado para filmes de orientação

religiosa. A iniciativa da major

americana ampara-se na boa atuação

de produções que lidam com questões

envolvendo fé, crenças e conduta

cristã, como "A Paixão de

Cristo" (2004), de Mel Gibson, que

faturou cerca de US$ 612 milhões,

posteriormente distribuída pela Fox

Faith em DVD.

No Brasil, o número de títulos de

temas religiosos ainda é incipiente.

Mas seu apelo pode ser medido pelo

percurso de produções como "Maria,

mãe do filho de Deus" (2003), de

Moacyr Góes. O filme, que conta com

participação do padre Marcelo Rossi,

atraiu cerca de 2,3 milhões. Góes

também dirigiu "Irmãos de fé" (2004),

sofre a conversão de São Paulo de

judeu em apóstolo, visto por 912 mil

espectadores.

'Gênero difícil'

Outro indício de que a fé, além de

mover montanhas, pode movimentar

o cinema nacional é a recente onda de

filmes de temática espírita, que gerou

títulos como "Chico Xavier" (2010), de

Daniel Filho, visto por cerca de 3,5

milhões de brasileiros, e "Nosso

lar" (2010), de Wagner Assis, que

bateu a casa dos 4 milhões de

espectadores. Siqueira avisa que

outras produtoras brasileiras

tentaram investir no nicho do cinema

gospel, como a Comev, especializada

em música evangélica, e a BV Filmes, e

fracassaram na empreitada.

- O produto nacional nessa linha ainda

é precário em termos de qualidades

técnicas e de interpretação - observa

o produtor brasileiro. - É um gênero

muito difícil, porque há de se ter

cuidado para não denegrir a família, a

Bíblia, mesmo que esta não seja citada

diretamente. Já recebi ofertas de

produtoras de filmes seculares que

querem alcançar esse nicho, que não

tinham nada a ver com a palavra

cristã. O evangélico iria reprová-los.

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