Trecho do livro Vidas áridas da escritora Aimeé Montblanc
Aquela terra árida bebia cada lágrima de maneira cruel e
ávida.Destruindo sonhos e lembranças lembrei de uma jovem que teve
tais sonhos que foram levados com o tempo junto a tempestades de
vento, da mesma maneira que leva os meus.Nem eu ou William eramos os
mesmos,no seu olhar não havia mais desejo,esse sentimento foi
substituido pelo carinho hoje em dia se transformou em frustração.
É irônico porque eu não posso cobrar muita coisa pois,em meu olhar ele
deve ver o cansaço era a casa,os filhos,era tudo que preenchia um
espaço que um dia havia sido só nosso.E todos ao meu redor me diziam
para aceitar algo que no princípio não era assim,me diziam que para
todas mulheres a vida era assim que todos os amores estavam fadados a
morrer com o tempo.Eu não queria aceitar,eu ainda amava aquele William
que tocava violino e me dizia que lhe inspirava a compor canções.
Eu corri o caminho inteiro tal qual eu imagino que Maria Lua o tenha
feito de se lançar no riacho.Eu queria escapar de todas as dores,das
lembranças daquela jovem que tinha tanto de mim quando eu era jovem.
Cheguei em casa trêmula,tranquei a porta as pressas como se pudesse
trancar todos os fantasmas e as dores do lado de fora.Encostada na
porta respirei aliviada ao perceber que estava só em casa.
Fui direto para o banheiro peguei os baldes de água e tomei um banho
demorado esfregando a pele com força na ânsia desesperada de tirar da
minha pele aquela areia daquela terra que se alimentava de lágrimas e
amores roubados.
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