Pequenas mãos seguram o facão com a mesma determinação de um
adulto,rapidamente ele afia o objeto na parede de uma casa.Sua mente
está repleta de expectativas quanto aos doces que poderá comprar com
os dois reais que receberá após entregar a lenha cortada.
Nem o calor intenso ou o cansaço fazem desistir,um amigo
aparetando ter a mesma idade dele compartilha com ele a tarefa.Ambos
possuem as mesmas roupas e calçados gastos,rostos sujos de poeira,a
mesma idade apenas cinco anos de idade e simples sonhos infantis.
Tantos pequenos trabalhos ele fez em troca de algumas moedas ou
de doces,só naquele momento conseguiu perceber o quanto esteve errado
ao aceitar cortar a madeira daquela casa destruída e parcialmente
queimada,o dono dela havia perdido quase todos seus bens no incêndio e
o restante um bandido havia pagado algumas crianças para destruir a
pedradas,durante a noite homens tiravam o que havia sobrado do
telhado,madeiras e objetos esquecidos ou abandonados no local.No dia
seguinte as crianças recolhiam o que foi deixado no chão e terminavam
de partir as madeiras que em uma das ocasiões bandidos fizeram
churrasco usando as madeiras da casa que havia sido parcialmente
queimada.
Os anos passaram,o menino cresceu e aprendeu com seus pais e
outros bandidos mil artimanhas.Ele começou desejar mais do que doces
ou poucas moedas como pagamento por seus trabalhos.
Durante a sua juventude trilhou o mesmo caminho dos seus
pais,que também se deixaram levar pela ambição ao longo de suas
vidas,apenas ali em sua cela lotada ele conseguiu perceber o seu erro
imaginando quantas vezes poderia ter mudado de vida e se tornado
melhor.
Naquele dia sentiu que toda a riqueza ilícita que conquistou
não valeu a pena por ter que ficar naquele lugar,mesmo que fosse por
meros minutos,daria qualquer coisa para voltar atrás naquele dia em
que estava cortando a madeira daquela casa destruída.Se pudesse voltar
no tempo teria negado a oferta daquelas moedas,teria fugido de casa se
fosse preciso e tentado trilhar outro caminho para que pudesse passar
seu tempo livre empinando pipa como faziam outros meninos.
O dia amanheceu e o tempo correu lentamente até que ouviu
chamarem seu nome,Alessandra estava o esperando ela havia trazido seu
filho para visitá-lo na cadeia.
O nome que sua esposa escolheu para o seu filho foi José Thiago
Dias Filho e apesar de terem o mesmo nome José faz de tudo para que
seu filho tenha um futuro diferente.
Fim
Texto escrito por Agatha Montefiori Aranza baseado em um trecho do
livro Vidas Aridas de Aimeé Montblanc
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