segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Dilma estuda medidas de retaliação aos EUA após denúncia de espionagem



Demonstrando indignação com as informações

de que foi alvo direto de espionagem da NSA

(Agência Nacional de Segurança, na sigla em

inglês), dos EUA, a presidente Dilma Rousseff

analisa pelo menos três reações contra o governo

americano:

1) fazer um "forte discurso" contra a NSA em

setembro, na abertura da Assembleia-Geral da

ONU;

2) convocar o embaixador brasileiro em

Washington e

3) até cancelar, em último caso, a viagem oficial

aos EUA, prevista para outubro.

Dilma vai decidir de acordo com a resposta que o

presidente Barack Obama der ao episódio,

revelado pelo "Fantástico".

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espionagem dos EUA

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espionagem contra Dilma

Segundo um assessor, a presidente exige uma

"resposta satisfatória" porque não está só

"indignada, mas também muito irritada". Sente-se

"enganada" pelo governo americano.

Quando surgiram as primeiras notícias sobre

espionagem da agência americana no Brasil, os

EUA garantiram que a atuação estava circunscrita

a "metadados" (telefone de origem, destino, hora

e duração da chamada), com cruzamentos de

informações genéricas que seriam, inclusive, de

interesse brasileiro.

Dilma deve pedir uma ação multilateral contra a

espionagem americana.

Em reunião nesta segunda-feira (2) com alguns

ministros, ela determinou que o Itamaraty

busque apoio de outras nações, como os demais

integrantes dos Brics (Rússia, Índia, China e África

do Sul), para se construir um discurso único

contra ações que afetem a soberania dos países.

A presidente tem reunião bilateral prevista com

Barack Obama já nesta semana, na cúpula do

G20, na Rússia. O encontro vinha sendo

combinado antes de o "Fantástico" revelar o caso

de espionagem.

Dentro do governo, uma ala defende um

discurso duro em "pleno território americano",

durante a Assembleia da ONU.

Outra quer convocar o embaixador brasileiro em

Washington, e um terceiro grupo advoga por

uma resposta mais extrema, o cancelamento da

viagem de outubro.

A avaliação desses últimos é que, sem "resposta

convincente" de Obama, Dilma não teria como

ficar "tirando foto" ao lado do presidente

americano. Nas palavras desses auxiliares, seria o

mesmo que o Brasil dizer ao mundo que não se

importa em ser espionado.

O porta-voz da presidente, Thomas Traumann,

diz que "a possibilidade [cancelamento da

viagem] não está na mesa" nem "em análise".

ESPIONADA

Segundo reportagem do "Fantástico", da Rede

Globo, exibida neste domingo (1º), a presidente

foi alvo direto da espionagem realizada pela NSA.

Os documentos secretos que basearam as

denúncias foram obtidos pelo jornalista Glenn

Greenwald com o ex-técnico da NSA Edward

Snowden. Eles faziam parte de uma apresentação

interna para funcionários da agência.

De acordo coma apresentação, foi monitorada a

comunicação entre Dilma e seus assessores,

assim como dos assessores entre eles e com

terceiros. Também Enrique Peña Nieto, atual

presidente mexicano (então líder na campanha

presidencial), teria sido espionado.

O documento mostra que a NSA usou programas

capazes de capturar inclusive o conteúdo de

mensagens de texto.

No caso de Dilma, o objetivo da operação seria o

de "melhorar a compreensão dos métodos de

comunicação e dos interlocutores da presidente e

seus principais assessores".

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