segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Ex-tratador de imagens da 'Playboy' desabafa: 'era uma pressão enorme'



Pela mesa de Sérgio Picciarelli, 58, já passaram

mulheres como Vera Fischer, Adriane Galisteu,

Grazi Massafera, Maitê Proença e Juliana Paes.

Mas engana-se quem deduz que o segredo seja

os olhos claros, a fala mansa ou o estilo

reservado. O truque está na habilidade com as

mãos.

Tratador de imagem e editor de fotografia da

revista "Playboy" entre 1999 e 2012, ele é

provavelmente o homem que melhor conhece o

corpo das brasileiras ilustres que já povoaram o

imaginário de muito marmanjo por aí.

Entre suas funções: tirar gordurinhas indesejadas

com Photoshop, corrigir imperfeições na pele e

deixar seios da modelo do mesmo tamanho.

Sérgio começou a trabalhar na Editora Abril como

trainee de fotografia, há 40 anos. "Em 1999, um

dos diretores da editora gostou muito de uma

capa que eu fiz, a da Deborah Secco, e achou que

era a hora da Playboy ter seu próprio editor de

fotografia", diz.

Sempre discreto, ele compartilhou a novidade

com o irmão, então funcionário da Sabesp, que

reagiu: "Você vai trabalhar com mulher pelada

enquanto eu vou lidar com merda, pô".

Casado há 36 anos, Sérgio garante que a mulher

nunca teve uma crise de ciúme. "Ela sabe que o

trabalho é muito menos glamouroso do que

parece. Nunca tive ereção vendo a 'Playboy'. As

fotos, pra mim, são sinônimo de muita pressão e

atenção."

Superiores, por exemplo, estão sempre na sua

cola, pedindo "mais peito nesta, menos cintura

na outra, cor de batom mais vibrante".

PITANGUY

Diretor de arte da revista de 2000 a 2005, Michel

Spitale o apelidou de Ivo Pitanguy do Photoshop,

pelas "cirurgias" que fazia nas mulheres. "Uma

vez a diretoria nos pediu para colocar mais pelos

pubianos em moças muito depiladas, com as

'periquitas' expostas. Brincávamos que ele

deveria criar uma ferramenta chamada Vera

Fischer", rememora Michel.

Ao mulherio, Sérgio avisa: "Fiquem tranquilas,

todo mundo tem espinha, celulite, os clitóris nem

sempre são de Barbie. Assim como a mulher

escolhe um vestido que deixa o corpo mais

bonito para uma festa, trato as fotos para que

elas fiquem mais bacanas numa situação

especial".

Sérgio conta que a maioria das siliconadas tem

cicatrizes complicadas de remover. A pele

exageradamente queimada de sol pode ser um

pesadelo. Nome de ex-namorado tatuado

também. Tudo isso junto, então...

Conhecido pela mão leve, Sérgio já foi elogiado

nas convenções internacionais da revista. A

"Playboy" que ele menos gosta, pelo excesso de

intervenções no corpo, é a norte-americana.

"Não gosto de mulher sem textura, com cara de

boneca."

Seu ensaio favorito é o de Magda Cotrofe, atriz e

modelo dos anos 1980 que estampou três capas

(nenhuma delas passou por ele). Da sua gestão,

destaca a atriz Flávia Alessandra e,

principalmente, a ex-"BBB" Cacau. "Quase não

tive trabalho com elas."

Por 13 anos, Sérgio -que hoje tem escritório

próprio de tratamento de imagem- encarou a

fiscalização de leitores e também das musas.

"Em 2003, Helô Pinheiro [a Garota de Ipanema]

entrou na redação às gargalhadas, pegou meu

braço, colocou sobre sua perna e disse bem alto:

'Pô, Serjão, você deixou minha perna flácida!

Aperta e vê se é, dá um beliscão", lembra com o

rosto corado.

A cantora Marina Lima, capa em 1999, até hoje é

grata: "Morria de medo. Não queria acabar como

uma boneca plastificada, e ele me respeitou".

Sérgio desabafa: "O pessoal acha que eu vivo

rodeado por mulheres peladas. Mas, no fim, você

aguenta uma pressão enorme, passa

madrugadas acordado e não recebe nem um

obrigado. Mentira a Cleo Pires uma vez me

mandou um beijo durante uma entrevista na

televisão".

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