quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Entregaria o SNL para quem sabe fazer esquete na TV aberta, diz Rafinha Bastos sobre o fim do programa

Versão brasileira de um dos programas de
humor mais longevos da televisão, o
“Saturday Night Live” exibido pela RedeTV!
durou apenas uma temporada. Nesta
quarta-feira, a emissora anunciou o fim
da atração , realizada em parceria com a
Endemol. Até o site do “SNL” foi tirado do
ar.
Convocado em março de 2012 para ser o
produtor-executivo do programa, o
humorista Rafinha Bastos ficou na
emissora até outubro, sem conseguir
superar uma série de dificuldades que
surgiram no caminho.
Apesar de ter a palavra “sábado” no título,
o “SNL” brasileiro foi ao ar aos domingos.
Depois de um tempo, deixou de exibir
quadros “ao vivo”, como prometia. E
nunca conseguiu boa audiência – estreou
com 0,8 no Ibope e teve médias de 2
pontos.
Em entrevista ao blog, nesta quinta-feira,
Rafinha fez um balanço da experiência e
reconheceu alguns erros cometidos. “Não
toparia fazer no domingo e entregaria ele
nas mãos de quem sabe fazer esquete
cômica pra TV aberta.”
Segundo Rafinha, ao deixar a RedeTV!,
ouviu da direção que o “SNL” teria uma
segunda temporada. “Não sei o que
ocorreu”, diz. Abaixo, a íntegra da
entrevista, feita numa troca de e-mails.
Como você recebeu a notícia do fim do
“SNL”?
Rafinha Bastos – Olha, sou amigo de
todo o elenco e sempre senti que a minha
função ali era fazer meus parceiros
brilharem (eu aparecia, no máximo, cinco
minutos por programa). Quando saí do
projeto, há cinco meses, tive a
confirmação através da emissora que o
programa teria uma segunda temporada.
Fiquei feliz, mas infelizmente não
aconteceu. Não sei o que ocorreu, mas
ok. De qualquer forma, foi uma
experiência incrível para todos nós.

Você participou do projeto na origem. O
que você faria diferente, se pudesse
começar o SNL novamente?
Não toparia fazer no domingo e entregaria
ele nas mãos de quem sabe fazer esquete
cômica pra TV aberta.
Colocar o programa na grade aos
domingos foi um erro grave?
Foi apenas um dos erros, mas foi sim um
dos grandes. Culpa total minha de ter
topado. Tentei muito mudar ele pra
qualquer outro horário. A Endemol me
ajudou nesta briga, mas não adiantou. O
programa estreou ao lado de “Fantástico”,
“Fazenda”, “Domingo Espetacular”, Sílvio
Santos e “Pânico” que é o programa jovem
de humor mais assistido da história da TV
brasileira. Estreou mal de audiência. A
emissora passou a achar que o programa
tinha que popularizar a linguagem para
buscar um público mais amplo, o que é
extremamente compreensível, afinal, não
estávamos na MTV. Rapidamente fomos
atrás desta tal popularização. Aí nós
perdemos o foco completamente.
Fazer o programa “ao vivo” dificultou?
A RedeTV! tinha recursos para isso?
Você e os demais humoristas estavam
preparados para fazer um programa
com estas características?
Não estávamos preparados. Não tínhamos
experiência alguma em esquete ao vivo. E
ainda tem um grande problema: o humor
ao vivo em TV aberta foi destruído pelos
formatos ultrapopulares que foram ao ar
décadas atrás. Ficou com cara de coisa
velha. Não acho que foram somente as
carências técnicas da RedeTV! que
derrubaram o programa.
Há algum programa ou artista que você
considere exemplar?
Não sou especialista no assunto, mas se a
pergunta envolve as esquetes cômicas,
vejo o “Zorra Total” e “A Praça É Nossa”
como dois exemplos de sucesso de humor
na TV aberta. Estão no ar há muitos anos
apresentando excelentes números
(infelizmente o foco das emissoras).
Há alguém ou algum modelo que você
gostaria de ser seguir ou desenvolver
na TV aberta?
A TV aberta carrega uma ciência muito
interessante, que me interessa muito, mas
não tenho nada em vista. Gosto do
formato de bancada. Talvez sozinho, talvez
com colegas, talvez sendo jurado de algo…
não sei. Antes de sair da Band eu queria
mesmo era fazer ficção. Aprender a
escrever série, atuar. Tô tendo estas aulas
agora. Tô satisfeito. O que sei é que se for
abraçar outro projeto, tenho que estar na
frente das câmeras. Produção executiva e
direção em TV aberta não é pro meu
fígado. Quero me divertir e não
enlouquecer mais a minha mulher em
casa.
Você acha que cabe na TV aberta
brasileira um programa com as
características do SNL?
A princípio achava que não, mas li a
notícia que o Ibope vai começar a
contabilizar os acessos dos programas pela
web. Dependendo da forma de
contabilização, o quadro pode mudar
radicalmente.
Qual o saldo positivo que o programa
deixou?
Foi um aprendizado incrível. Foi divertido
demais trabalhar com tanta gente boa. Fui
fazer algo que eu não dominava e não me
arrependo de ter tentado. Foi muito legal.
Quais são os projetos que você está
tocando atualmente? “A Vida de
Rafinha Bastos” está pronto? Vai ar
quando?
Estou super focado na minha série e em
produção pra web. Acabo de reestrear o
meu canal do Youtube . Farei atualizações
duas vezes por semana (segundas e
quintas). Hoje mesmo (28/2) coloquei uma
entrevista no ar com o Carlos Alberto de
Nóbrega que ficou muito legal. A previsão
do canal FX pra colocar a série no ar é
julho. Já estamos correndo com a edição.
Tô bem feliz com o resultado final.

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