domingo, 24 de fevereiro de 2013

Marcelo Rebelo de Sousa considera que a revisão em baixa das previsões económicas do Governo foi uma "bomba".

Marcelo Rebelo de Sousa disse hoje, no seu
comentário semanal na TVI, que a revisão em
baixa das previsões económicas do Governo
foi uma "bomba" e que cabe a Passos Coelho
reconhecer a falha e explicar que há uma
razão para mudar o rumo da estratégia.
"Olhando para os números de 2012 estava na
cara. É uma bomba que se deve a isto: o
Governo foi otimista nas previsões e agora? O
Governo tem dois caminhos, que é disfarcar e
reconhecer ao de leve, que é a tentação de
Gaspar e Passos, ou admitir o erro", afirmou
Marcelo.
"Mas a solução imposta pela honestidade
intelectual é só uma. Devem assumir o erro e
mudar de discurso, explicando que
precisamos de mais um ano para o défice",
acrescentou.
Segundo o comentador político, o Executivo
de Passos Coelho tem também que dizer que
são precisos mais anos para os cortes de
quatro mil milhões de euros, no âmbito da
reforma do Estado.
Governo tem que fazer segundo discurso
Marcelo Rebelo de Sousa criticou ainda o
ministro das Finanças, sublinhando que falhou
no seu discurso, uma vez que não é possível
controlar o défice sem crescer, nem se
alcançará a consolidaçao orçamental sem
crescimento, sendo necessárias medidas.
"O Governo tem que fazer esse segundo
discurso, se não o faz é suicida", disse
Marcelo, sublinhando que o "Governo sai
fragilíssimo".
"O ministro das Finanças - que prima pelo
rigor técnico - já sai fragilizado, mas o
próprio primeiro-ministro tem que dizer que
há uma razão para mudar o rumo",
acrescentou, frisando que isso torna-se ainda
mais importante com a chegada da troika a
Portugal para mais uma avaliação.
"Ganhar as eleições de 2015 é um milagre"
Questionado sobre as próximas eleições
legislativas, Marcelo Rebelo de Sousa disse
que será muito difícil o Governo ganhar.
"Ganhar as eleições de 2015 é um milagre e
será então um milagre impossivel se não
recuar, se continuar a negar evidências. É um
problema de honestidade intelectual que tem
que resolver, se não o Governo vai direitinho
ao precipício, que pode começar já nas
eleições autárquicas.
Sobre um cenário de rotura social, Marcelo
Rebelo de Sousa diz não acreditar nessa
possibilidade, mas defende que é preciso não
deslaçar o tecido social, esquecendo, por
exemplo, os mais velhos.
"A rutura social acho que não vai haver, os
portugueses são um povo com história e
sabedoria. Do que servia agora a violência? Só
destruía a rqiueza. Nós nao somos os gregos",
garantiu."Não podemos é deixar deslaçar o
tecido social. Isso é outra coisa. Os
portugueses mais velhos não se podem
abandonar, os jovens ainda têm jogo de
cintura para melhorar a sua situação", frisou
Marcelo, lembrando que o subsídio de
desemprego já penaliza os mais velhos, assim
como as pensões.
E deixa ainda um aviso: se o Governo quer
afastar um "país velho", nas próximas
eleições essa fatia da população pode votar
massivamente contra o Executivo, caso se
sinta injustiçada.

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