quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Compartilhar senhas de internet com parceiro não é prova de amor

A base de toda relação amorosa harmônica
precisa ser a confiança, certo? Seguindo esse
preceito, então, a vida de um casal deveria
ser uma espécie de livro aberto. O que inclui,
em tempos de internet, de perfis conjuntos
nas redes sociais ao compartilhamento de
senhas. Para muitos homens e mulheres, o
excesso de privacidade virtual pode sinalizar
que há algo a esconder. E, seguindo essa
lógica, revelar a senha de acesso do MSN ou
do Facebook tem o peso de uma prova de
amor. Será, mesmo? Veja algumas análises que
especialistas recomendam fazer antes de
tomar qualquer atitude.
Compartilhar senhas de e-mail e redes
sociais é uma prova de amor?
Segundo a psicóloga Andréa Jotta, do NPPI da
PUC de São Paulo (Núcleo de Pesquisas da
Psicologia em Informática da Pontifícia
Universidade Católica), nos relacionamentos
maduros e saudáveis isso pode acontecer
naturalmente, sem que haja o peso de se
tratar o assunto como um pacto ou prova de
amor.
Você compartilha suas senhas de e-mail
e redes sociais com seu parceiro?

pode também acontecer de um querer
compartilhar, por questões pessoais ou
práticas, mas o outro não, o que é
perfeitamente compreensível", afirma. Andréa
diz ainda que um relacionamento não significa
dividir tudo, sempre. "Uma parte da pessoa,
seus pensamentos, fantasias, amigos e gostos
são só dela. Isso você não divide com o
outro. É preciso ter confiança no caráter do
parceiro, nos valores dele e em si mesmo,
principalmente, para não se sentir ameaçado
por aquilo que não lhe diz respeito".
Falar em "prova de amor" é uma desculpa
para exercer o controle?
"Uma relação pautada na confiança e na
maturidade não necessita desse tipo de
prova", explica Marina Vasconcellos, terapeuta
familiar e de casal pela Unifesp (Universidade
Federal São Paulo). Já Alexandre Bez,
psicólogo especializado em relacionamentos
pela Universidade de Miami (EUA), explica que
pessoas controladoras e com personalidade
narcisista têm necessidade de estar no
controle, de desfrutar a sensação de poder no
relacionamento.

"Costumo dizer que é muito mais importante
conhecer o parceiro do que tentar controlá-
lo, pois isso gera uma falsa sensação de
domínio", afirma. Ele conta que o simples
fato de manter um relacionamento já é um
pacto consolidado. A prova de amor deve
estar presente no dia a dia, na cumplicidade,
no comportamento, na exposição das dúvidas
e nos conselhos, jamais em um
compartilhamento pessoal. "É uma invasão à
privacidade, e, principalmente, um
desrespeito à relação vivida", diz.
Dividir senhas ajuda a evitar uma traição?
Os especialistas são unânimes: não. Segundo a
psicóloga Andréa Jotta, muitos casais decidem
compartilhar as senhas a fim de evitar
discussões, brigas e desconfianças
desnecessárias. "Porém, o que acontece com
frequência é que são abertos outros perfis e
e-mails particulares, às escondidas".
Compartilhar senhas expõe a privacidade
de outras pessoas?
Sim, principalmente porque os amigos nem
imaginam que suas conversas e trocas de e-
mails estão sendo monitoradas. "Quando você
sabe que outros lerão o que você escreve,
certamente acaba tomando certos cuidados na
escrita, no modo como expõe suas opiniões,
no conteúdo da conversa... Deixar que o
parceiro veja tudo é uma espécie de traição à
privacidade do seu amigo", conta Cristiane
Pertusi.
|
Compartilhar senhas pode alimentar a
paranoia de alguém possessivo?
"Há uma grande chance disso acontecer",
declara Marina. "É incrível a quantidade de
casos de pessoas com ciúme patológico que
cerceiam a liberdade do outro, enquanto o
parceiro não percebe que trata-se de uma
doença e se submete às exigências. Essas
pessoas veem sinais de traição em qualquer
tipo de relacionamento que o outro
mantenha. A vida do casal vira um inferno",
segundo a psicóloga. "Recomendo o bom
senso, no compartilhamento em demasia ou
proibição exagerada", diz a psicóloga Cristiane
Pertusi.
A proposta, em geral, vem de quem é mais
ciumento?
Sim, e geralmente parte do sexo masculino.
"Essa maior probabilidade acontece
justamente pela carência dominante na
personalidade da mulher, que em geral sente
medo de ficar sozinha", afirma o psicólogo
Alexandre Bez.
Para Andréa Jotta, o sexo feminino costuma
cair na armadilha de achar que tal invasão de
privacidade é algo romântico. "Diria que as
mulheres acabam se deixando levar pela
insistência de alguns homens inseguros, e com
o receio de perdê-los ou de que a recusa faça
parecer que estão escondendo algo, acabam
se submetendo a eles", diz Marina
Vasconcellos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário