quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Dilma desafia FHC e volta a trocar farpas com tucanos

A presidente Dilma Rousseff usou o seu
discurso de comemoração dos dez anos de
criação do Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social, o Conselhão, para
reafirmar os fundamentos econômicos de seu
governo, de crescimento com estabilidade e
controle da inflação, assegurando que eles
estão mantidos. Dando prosseguimento à troca
de farpas com os tucanos, Dilma acusou a
oposição de provocar "instabilidade" ao
alardear a ameaça de racionamento de energia
no País, lembrando que estas vozes "se
calaram" quando o racionamento não
aconteceu.
A presidente também desafiou o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso ao dizer que foi o
governo do PT que criou o cadastro para as
famílias receberem benefícios sociais. "É
conversa que tinha cadastro. Nós levamos um
tempão para fazer", atacou Dilma.
Pouco antes, de forma contundente, a
presidente usou números de sua administração
para "lustrar" a política macroeconômica do
governo, se contrapor aos tucanos e
neutralizar o discurso do senador Aécio Neves
(PSDB-MG): "quando no Brasil, no passado, a
gente teria uma relação dívida-PIB de 35%?
Quando? Quando, no passado, na área externa,
com as nossas reservas?"
Não só a presidente Dilma, mas os ministros
palestrantes ignoraram qualquer feito dos
governos passados. A maior parte dos slides
apresentava dados a partir de 2003, quando
foi iniciado o governo Luiz Inácio Lula da
Silva. Depois de reiterar que seu governo
manteve "a inflação sob controle", "a política
de câmbio flexível" e "uma política de
robustez fiscal" Dilma destacou que era
preciso ter "vontade política" para fazer o
Bolsa Família, o Brasil sem Miséria e o Brasil
Carinhoso e, se não tiver, prosseguiu,
"ninguém faz" porque, para isso, "tem de ter
compromisso com os pobres desse País". Em
seguida, passou a se vangloriar das medidas
adotadas pelo ex-presidente Lula de criar toda
"uma engenharia, uma tecnologia social" e
"criar um cadastro, porque não existia
cadastro".
CadÚnico
Só que, a falar disse, a presidente ignorou que,
em 2001, quando houve a universalização do
Bolsa Escola, programa tucano de
transferência de renda, com condicionalidade
de frequência à escola, os pagamentos dos
benefícios eram controlados pelo Cadastro
Único para Programas Sociais, CadÚnico,
criado pelo decreto 3877, de 24 de julho de
2001, que em 2003 foi incorporado ao
programa rebatizado por Lula de Bolsa Família.
Dilma comemorou ainda a criação do Cartão
"estratégico" para eliminar intermediários na
liberação dos recursos. Em 2002, o governo
FHC lançou o "Cartão Cidadão" que unificava o
pagamento de benefícios à população pobre,
como o Bolsa Escola e o auxílio gás.
Um mês depois de ter ocupado cadeia de rádio
e televisão para anunciar a redução do preço
da energia e reagir às notícias de riscos de
apagão no País, a presidente Dilma chamou de
"irresponsáveis" estes alarmistas. "Esse País
tem segurança energética. Hoje, nós temos,
antes da entrega dos 10 mil MW que entram
esse ano, nós temos 14 mil MW de térmicas.
Nunca tivemos isso na vida", desabafou a
presidente, atacando "os irresponsáveis" que
anunciaram apagões. "O que não é admissível
para o país é que se crie instabilidade onde
não há instabilidade. Exemplo: não é
admissível que se diga que vai haver
racionamento quando não vai haver
racionamento. As mesmas vozes que disseram,
em dezembro e janeiro que ia haver
racionamento, se calam. E a consequência é
nenhuma, o que eu acho que é uma
irresponsabilidade", atacou. Para Dilma, "o
que afeta a vida das empresas, a vida das
pessoas, nós temos de ter cuidado, porque se
coloca uma expectativa negativa gratuita para
o país".

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