terça-feira, 23 de abril de 2013

Colonização 'privada' de Marte tem 10 mil interessados, diz empresa

A organização holandesa sem fins lucrativos
Mars One abriu as inscrições para que
voluntários apresentem suas candidaturas
para uma viagem só de ida ao planeta
vermelho em 2022, onde participarão de um
reality show.
Todo mundo pode se candidatar, mas com as
condições de ser maior de 18 anos e falar
bem inglês, anunciou a empresa durante
entrevista coletiva em Nova York, nos Estados
Unidos, nesta segunda-feira (22).
No total, o projeto Mars One busca 24
voluntários - ou seis grupos de quatro de
diferentes nacionalidades - que farão a viagem
de ida com dois anos de intervalo, sendo a
primeira partida prevista a partir de 2022.
A organização aposta na cobertura midiática
do projeto para angariar recursos e financiar
boa parte da missão.

As principais qualidades esperadas dos
candidatos são "capacidade de adaptação,
tenacidade, criatividade e compreensão dos
outros", enumerou Norbert Kraft, diretor
médico da iniciativa.
Os quatro primeiros voluntários deverão
chegar em Marte em 2023, após uma viagem
de sete meses. Sua chegada e seus primeiros
passos para tentar montar uma colônia no
planeta vermelho dará lugar à exibição de um
reality show, explicou o holandês Bas
Lansdorp, cofundador da empresa.
"O objetivo da Mars One é levar os seres
humanos a Marte. Precisamos do interesse do
mundo para fazer isto acontecer", explicou
Lansdorp. "Diferentemente da cobertura
televisiva dos Jogos Olímpicos, a Mars
One pretende manter o interesse da mídia
mundial de forma duradoura após a seleção
dos astronautas, o treinamento, o lançamento
e a chegada a Marte."
A empresa já recebeu "10 mil e-mails de
pessoas de mais de cem países diferentes
interessadas nesta missão", acrescentou.
A primeira rodada de candidaturas on-line se
estenderá até 31 de agosto. Especialistas da
Mars One elegerão os aspirantes a
astronautas que continuarão na disputa.
Em seguida, cada país escolherá um candidato
e finalmente restarão entre 24 e 40 pessoas
que serão treinadas para a missão.
Sem o retorno, os custos da viagem diminuem
consideravelmente e a primeira missão, com
quatro astronautas, é estimada em seis
bilhões de dólares, explicaram os
encarregados da Mars One.
"Parece um montão de dinheiro. E na verdade
é um montão de dinheiro. Mas imagina o que
vai acontecer quando as primeiras pessoas
pousarem na superfície de Marte. Todo
mundo vai querer ver", entusiasmou-se
Landsdorp.

Viagem sob suspeita
Este projeto tem provocado muito ceticismo,
mas recebeu o apoio do cientista holandês
Gerard't Hooft, ganhador do Nobel de Física
em 1999, presente na coletiva.
"Ainda sou cético, devido aos contratempos e
complicações, mas isto é tecnicamente
possível", disse Hooft aos jornalistas.
Até agora só foram realizadas duas missões
não-tripuladas, com robôs enviados a Marte,
ambas gerenciadas com sucesso pela Nasa
(Agência Espacial Norte-Americana). A última
está em andamento, avaliada em US$ 2,5
bilhões: o protagonista é o veículo-robô
Curiosity, que pousou no planeta vermelho em
agosto de 2012.
O projeto da Mars One traz vários desafios.
Além da impossibilidade de os astronautas
voltarem à Terra, eles terão que viver em
pequenos habitats, encontrar água, produzir o
próprio oxigênio e cultivar seus alimentos em
um ambiente hostil.
Marte é um grande deserto com sua
atmosfera constituída, sobretudo, de dióxido
de carbono e onde a temperatura média é de
63 graus Celsius negativos.
Os astronautas também deverão suportar
radiações cósmicas perigosas durante a
viagem. Por fim, ainda não há um foguete e
uma cápsula para transportar os voluntários.
Mas para os membros da Mars One, o maior
risco é o financiamento, afirmou Lansdorp, o
que não impede que a organização sonhe alto.
"O objetivo de longo prazo é ter uma colônia
permanente, não só mandar gente para lá",
afirmou Norbert Kraft, diretor médico do
programa.

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