domingo, 28 de abril de 2013

Para estudar, alunos dormem na rodovia dos Tamoios

A duplicação da rodovia dos Tamoios, que
promete aliviar a viagem de milhares de
turistas, transformou num martírio a rotina
de 380 estudantes universitários do litoral
norte de São Paulo.
O grupo mora em Caraguatatuba e São
Sebastião, no litoral, e estuda em Taubaté e
São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
Todos os dias, fazem o bate-e-volta em
veículos fretados. Eles têm perdido aulas e
passado a noite dentro dos ônibus, na beira
da estrada, por força de bloqueios.
As medidas implantadas na nova fase das
obras, iniciada em março, são necessárias
para detonação de rochas, nivelamento e
calçamento das pistas. Na ida, nos fins de
tarde, o tempo de viagem aumentou de uma
hora e meia para até quatro horas.
O principal drama da viagem é no trajeto de
volta ao litoral. Caso não cheguem a
determinado trecho até 0h, são obrigados a
passar a madrugada parados na estrada.
Entre os km 48 e 57, a rodovia fica
totalmente fechada nos dois sentidos, das 0h
às 4h30, de segunda a sexta.
CORRERIA
Ao final da noite, os alunos precisam sair
correndo, ainda com aulas em andamento,
para evitar o bloqueio. Nem sempre
conseguem.
O estudante de engenharia elétrica João
Marcos, 38, teve de dormir no ônibus em
frente ao bloqueio com mais 28 colegas no
final de março.
"Chegamos às 0h02 e já estava fechado.
Tentamos conversar, mas não teve jeito."
Juliana dos Santos, 20, que estuda
administração em Taubaté, já madrugou na
Tamoios mais de uma vez. Na primeira, ela
diz que estava chovendo muito e o motorista
teve que diminuir ainda mais a velocidade.
"Ficamos parados até às 4h35. Em Caraguá,
ainda tive de pegar outro ônibus para chegar
em casa. Foi só o tempo de entrar, tomar
banho e ir para o trabalho."
O motorista Antonio Carlos de Mello, que
conduz estudantes para universidades do Vale
do Paraíba, conta que desde março já passou
a noite no ônibus quatro vezes.
Ele diz que num dos trechos não há sinal de
celular e os passageiros não conseguem nem
avisar os familiares sobre a demora.
Os estudantes reclamam também dos
prejuízos acadêmicos. A estudante de farmácia
Erica Ribeiro, 28, diz que chega atrasada
todos os dias e já perdeu três provas.
"Professores não podem abrir exceção. Se não
entrar na sala antes do primeiro aluno
terminar a prova, não posso mais fazê-la."
O coordenador da União dos Estudantes do
Litoral Norte de SP, Hélio Monteiro, diz que
os estudantes pedem atraso de meia hora no
bloqueio. Os pedidos de mudança foram
negados e ele estuda entrar na Justiça.
A Dersa diz que não há como mudar o "pare e
siga" para não atrasar a obra. A entrega do
trecho de planalto na rodovia é prevista para
dezembro.
Para o órgão, o horário das interdições foi
determinado pelo baixo volume de tráfego e
que alterações afetariam o movimento pela
manhã.

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