segunda-feira, 29 de abril de 2013

Igreja decide excomungar padre que defende homossexuais em SP

A Igreja Católica decidiu excomungar o padre
de Bauru (a 329 km de São Paulo) que havia
se afastado de suas atividades religiosas neste
final de semana após declarações de apoio
aos homossexuais.
A decisão da excomunhão foi divulgada pela
Diocese de Bauru num comunicado publicado
em seu site. O texto é assinado pelo Conselho
Presbiteral Diocesano, formado por dez
sacerdotes da cúpula do órgão.
Conhecido por contestar os princípios morais
conservadores da Igreja Católica, Roberto
Francisco Daniel, 48, o padre Beto, realizou
suas últimas missas neste domingo (28), em
duas igrejas que ficaram lotadas de fiéis em
clima de comoção.
Ele havia recebido prazo do bispo de Bauru,
Caetano Ferrari, 70, para se retratar e
"confessar o erro" cometido em declarações
divulgadas na internet nas quais afirma que
existe a possibilidade de amor entre pessoas
do mesmo sexo, inclusive por parte de
bissexuais que mantêm casamentos
heterossexuais.
Beto também questiona dogmas católicos e
chama a atenção pelo estilo. Fora da igreja,
usa piercing, anéis, camisetas com estampas
"roqueiras" ou com a imagem do guerrilheiro
comunista Che Guevara e frequenta choperias.
Após o ultimato, o religioso anunciou que iria
se afastar de suas funções religiosas, mas
disse que considerava a hipótese de voltar um
dia.
"Se refletir é um pecado, sempre fui e sempre
serei um pecador", afirmou. "Quem disse que
um dogma não pode ser discutido? Não
consigo ser padre numa instituição que no
momento não respeita a liberdade de
expressão e reflexão".
Nesta segunda-feira de manhã, ele tentou
entregar o pedido de afastamento, mas foi
informado sobre a excomunhão.
No comunicado, a diocese afirma que "uma
das obrigações do bispo diocesano é defender
a fé, a doutrina e a disciplina da igreja" e
que, por isso, o padre "não pode mais
celebrar nenhum ato de culto divino
(sacramentos e sacramentais, nem mais
receber a santíssima eucaristia), pois está
excomungado".
O bispo convocou um padre canonista perito
em Direito Penal Canônico e o nomeou como
juiz instrutor para tratar a questão e aplicar a
"Lei da Igreja". A partir da decisão da
excomunhão, o juiz instrutor iniciará os
procedimentos para a "demissão do estado
clerical".
Ainda segundo o comunicado, o bispo tenta
há muito tempo o diálogo para "superar e
resolver de modo fraterno e cristão esta
situação". Segundo a diocese, todas as
iniciativas foram esgotadas. O juiz instrutor
teria tentando mais uma vez o diálogo com o
padre, mas Beto reagiu agressivamente e
recusou a conversa, afirma a diocese.
Ainda segundo o comunicado, o padre "feriu
a Igreja" ao fazer as declarações e ao negar
"obediência ao seu pastor", o que resulta "no
gravíssimo delito de heresia e cisma cuja pena
prescrita no cânone 1364, parágrafo primeiro
do Código de Direito Canônico é a
excomunhão anexa a estes delitos".
A assessoria de imprensa da diocese informou
que após a decisão nenhum pronunciamento
será feito pelo bispo ou padres da diocese. O
silêncio é uma determinação do juiz instrutor
do processo.
Ao lado de uma advogada, Padre Beto
procurou um cartório para registrar seu
pedido de afastamento logo após ser
informado sobre a excomunhão.
"Ainda bem que não tem fogueira", disse ao
comentar de forma irônica a decisão do
bispo. Padre Beto afirmou ainda que a decisão
não vai mudar nada em sua vida, pois já havia
decidido pelo afastamento da Igreja.
Veja a íntegra do comunicado da Diocese
de Bauru:
É de conhecimento público os
pronunciamentos e atitudes do Reverendo Pe.
Roberto Francisco Daniel que, em nome da
"liberdade de expressão" traiu o compromisso
de fidelidade à Igreja a qual ele jurou servir
no dia de sua ordenação sacerdotal. Estes
atos provocaram forte escândalo e feriram a
comunhão eclesial. Sua atitude é incompatível
com as obrigações do estado sacerdotal que
ele deveria amar, pois foi ele quem solicitou
da Igreja a Graça da Ordenação. O Bispo
Diocesano com a paciência e caridade de
pastor, vem tentando há muito tempo diálogo
para superar e resolver de modo fraterno e
cristão esta situação. Esgotadas todas as
iniciativas e tendo em vista o bem do Povo de
Deus, o Bispo Diocesano convocou um padre
canonista perito em Direito Penal Canônico,
nomeando-o como juiz instrutor para tratar
essa questão e aplicar a "Lei da Igreja", visto
que o Pe. Roberto Francisco Daniel recusa
qualquer diálogo e colaboração. Mesmo assim,
o juiz tentou uma última vez um diálogo com
o referido padre que reagiu agressivamente,
na Cúria Diocesana, na qual ele recusou
qualquer diálogo. Esta tentativa ocorreu na
presença de cinco membros do Conselho dos
Presbíteros.
O referido padre feriu a Igreja com suas
declarações consideradas graves contra os
dogmas da Fé Católica, contra a moral e pela
deliberada recusa de obediência ao seu pastor
(obediência esta que prometera no dia de sua
ordenação sacerdotal), incorrendo, portanto,
no gravíssimo delito de heresia e cisma cuja
pena prescrita no cânone 1364, parágrafo
primeiro do Código de Direito Canônico é a
excomunhão anexa a estes delitos. Nesta
grave pena o referido sacerdote incorreu de
livre vontade como consequência de seus
atos.
A Igreja de Bauru se demonstrou Mãe
Paciente quando, por diversas vezes, o
chamou fraternalmente ao diálogo para a
superação dessa situação por ele criada.
Nenhum católico e muito menos um
sacerdote pode-se valer do "direito de
liberdade de expressão" para atacar a Fé, na
qual foi batizado.
Uma das obrigações do Bispo Diocesano é
defender a Fé, a Doutrina e a Disciplina da
Igreja e, por isso, comunicamos que o padre
Roberto Francisco Daniel não pode mais
celebrar nenhum ato de culto divino
(sacramentos e sacramentais, nem mais
receber a Santíssima Eucaristia), pois está
excomungado. A partir dessa decisão, o Juiz
Instrutor iniciará os procedimentos para a
"demissão do estado clerical, que será
enviado no final para Roma, de onde deverá
vir o Decreto".
Com esta declaração, a Diocese de Bauru
entende colocar "um ponto final" nessa
dolorosa história.
Rezemos para que o nosso Padroeiro Divino
Espírito Santo, "que nos conduz", ilumine o
Pe. Roberto Francisco Daniel para que tenha a
coragem da humildade em reconhecer que
não é o dono da verdade e se reconcilie com
a Igreja, que é "Mãe e Mestra".
Bauru, 29 de abril de 2013.
Por especial mandado do Bispo Diocesano,
assinam os representantes do Conselho
Presbiteral Diocesano.

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