sábado, 18 de maio de 2013

Thor comprou meu silêncio e depois me traiu, afirma tia de vítima

"Me senti traída. Tirei o peso de cima dele e
ele jogou para cima de mim. Matou meu filho
e agora quer me matar."
Os ataques são desferidos por Maria Vicentina
Pereira, 50, mãe de criação e tia biológica do
ciclista atropelado e morto em março de
2012 por Thor Batista, filho do empresário
Eike Batista.
Valor de acordo foi divulgado pela
Promotoria, diz advogado de Thor
Família de ciclista morto processará Thor e
Eike por anunciar acordo sigiloso
Promotoria pede que Thor pague multa de R$
1 mi e faça serviço comunitário
Vicentina acusa Thor de quebrar o contrato
de confidencialidade que impedia ambas as
partes de divulgar o valor do acordo de
indenização pela morte de Wanderson Pereira
dos Santos, 30.
O número, R$ 1 milhão, veio à tona após
depoimento de Thor à Justiça, cujos trechos
foram divulgados pelo Ministério Público.
A família queria manter o acerto em segredo
alegando questões de segurança.
"Ele comprou o nosso silêncio e, depois, nos
traiu", disse à Folha Vicentina, que criou o
rapaz desde os 4 anos, quando sua mãe o
abandonou, segundo ela.
A ideia de preservar o sigilo partiu da defesa
da família da vítima, que propôs uma cláusula
de confidencialidade no documento assinado
por ambas as partes.
O motivo, segundo a defesa, é que a família
vive numa área controlada por milícia em
Duque de Caxias (RJ).
"Ele tirou a minha paz, o meu sossego. Quem
olha acha que estamos nadando em dinheiro.
Isso não é verdade", afirmou Vicentina.
Ela conta que comprou com o dinheiro da
indenização uma casa no mesmo bairro onde
já vivia para morar com seus três filhos
naturais. A ela, coube R$ 315 mil de um valor
total de R$ 1 milhão.
Thor Batista atropela e mata ciclista no Rio
AMEAÇAS
Após a imprensa noticiar o acordo financeiro,
diz, sua irmã, que mora na mesma região,
recebeu telefonemas com ameaças e pedidos
para entregar parte do dinheiro.
Apesar de seu advogado ter proposto o
acordo, a tia do rapaz diz que não agiu
pensando na questão financeira.
"A vida de uma pessoa ninguém paga. Não
tem dinheiro que cubra isso. Mas é um direito
da família receber."
Segundo ela, a família manteve o mesmo
padrão de vida depois da indenização.
Vicentina afirma que mantém seu emprego de
gari, ganhando R$ 850 por mês.
Cristina dos Santos Gonçalves, 50, mulher de
Wanderson, com quem conviveu por cinco
anos até sua morte, conta que também
permaneceu no mesmo trabalho como
faxineira, no qual ganha um salário mínimo.
"A sensação é que a gente está se humilhando,
de que a pessoa está comprando a gente",
disse, sobre o acerto.
Ela também recebeu R$ 315 mil. Um amigo
que prestou auxílio financeiro à família após
a morte de Wanderson ficou com R$ 100 mil.
O restante, R$ 270 mil, foi para o advogado
da família, Cleber Carvalho Rumbelsperger.
NOVA INDENIZAÇÃO
Após divulgar que iria propor indenização
adicional de R$ 1 milhão por danos morais,
Rumbelsperger recalculou os valores.
Ele vai pedir agora R$ 3 milhões (divididos
igualmente entre Vicentina, Cristina e o amigo
da família) e R$ 500 mil por quebra do
acordo.
O advogado quer ainda pedir indenização ao
Estado, uma vez que a Promotoria divulgou o
depoimento.

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