O cardeal italiano Gianfranco Ravasi, um
intelectual brilhante amante do rock, escreve
tuítes em latim e sabe fascinar o público com
seus sermões, pode ser o papa que a Igreja
católica busca para o século 21.
O cardeal de 70 anos, atual presidente do
Pontifício Conselho para a Cultura, é uma
pessoa aberta ao diálogo, e muitos italianos o
conhecem por seus artigos para a culta
edição dominical do jornal econômico "Il Sole
24Ore".
O prelado, nascido em Merate (Lombardia,
norte) no dia 18 de outubro de 1942, capaz
de citar Jean-Paul Sartre e Santo Agostinho, é
uma pessoa simples e prolífica, comentou
recentemente um cardeal brasileiro,
destacando: "A cada vez que vou à Itália
escrevo um livro".
Com uma sólida formação teológica, é
considerado o homem que pode erguer
pontes com o mundo moderno, em particular
com os jovens.
Como demonstração desta atenção em direção
à arte e à cultura moderna, Ravasi concedeu
em 2009 o "Prêmio Robert Bresson" do
Festival de Veneza ao diretor brasileiro Walter
Salles, por seu cinema de qualidade.
O vaticanista John Allen costuma apresentá-lo
como uma espécie de combinação entre Bento
16 e Carlo Maria Martini, o lendário cardeal
de Milão símbolo do catolicismo progressista
italiano, falecido em agosto de 2012.
Recentemente, o cardeal confessou que ouve
as canções melancólicas de Amy Winehouse
para entender os problemas universais dos
jovens de hoje.
"Temos que ouvir mais suas questões. Nós, os
adultos, de gerações anteriores, pastores,
devemos (...) começar a sentir um pouco
como batem seus corações e mentes",
afirmou.
O ex-diretor da Biblioteca Ambriosana de
Milão, um monumento à civilização ocidental,
fundada há quatro séculos e que contém o
Código Atlântico de Leonardo da Vinci,
surpreendeu em um congresso quando
afirmou que "Charles Darwin e a Bíblia são
compatíveis".
Extrovertido, alegre e com boa saúde, Ravasi
foi o escolhido por Bento 16 para presidir as
meditações de sua última semana de retiros
espirituais como pontífice.
Uma decisão, um gesto, uma mensagem que o
papa que renunciou deixou aos prelados de
todo o mundo.
As orações de Ravasi foram transmitidas por
podcast pela Rádio Vaticano e ele enviou
twites em inglês e italiano.
No entanto, o fato de ser italiano e de não
contar com experiência pastoral pode pesar
negativamente no momento do conclave.
Especialista na Bíblia, o cardeal Ravasi não
teme enfrentar a imprensa e costuma seduzir
com sua facilidade de discurso e com sua
erudição, impregnada de leituras, boa
literatura e cinema.
Poliglota, nos últimos anos viajou pelo mundo
para uma série de encontros com fiéis e não
fiéis.
"Tenho muitos amigos não crentes",
confessou recentemente em uma entrevista a
uma revista católica italiana.
Filho de um funcionário do Tesouro que
desertou por ódio ao fascismo e de uma mãe
professora, forma parte da Pontifícia
Comissão para os Bens Culturais da Igreja e
da Pontifícia Comissão de Arqueologia
Sagrada.
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