Uma nova série aparentemente coordenada de
explosões acordou Bagdá e cercanias na
manhã do aniversário de dez anos da Guerra
do Iraque, hoje, matando pelo menos 50
pessoas e deixando 160 feridos, segundo a
polícia local.
Enquanto gravavam um vídeo para a "TV
Folha", no topo do prédio do hotel Ishtar, os
repórteres do jornal presenciaram a explosão
de uma delas a cerca de dois quilômetros de
distância. Ouviu-se um barulho muito forte,
seguido de uma fumaça preta densa. Tudo
aconteceu perto das 11h locais (5h de
Brasília).
O local do ataque mais recente é a região em
torno do hotel Al Mansur, um dos destinos
preferidos de diplomatas, empresários e
jornalistas estrangeiros em Bagdá. Próximo do
prédio, está a sede da prefeitura de Bagdá e
vários outros edifícios governamentais.
Segundo apurou a Folha, duas outras
explosões teriam acontecido próximas ou nos
portões que fecham a chamada "Zona Verde",
sede do governo iraquiano. Perto das 12h
locais (6h de Brasília), todos os acessos
àquela região tinham sido interrompidos pela
polícia.
Outra explosão, num mercado popular da
região de Al Baeaa, em Bagdá, aconteceu
também perto das 12h e espalhava fumaça
preta no céu da cidade.
Após registrar a explosão próxima do Al
Mansur, a reportagem da Folha foi proibida
de voltar a subir ao topo do prédio do hotel
onde está hospedada e teve de mostrar sua
autorização do governo para trabalhar no
Iraque.
Já a informação da série de ataques, da
agência de notícias oficial iraquiana Nina, foi
confirmada pela Folha junto a oficiais da
polícia de Bagdá. Os ataques começaram
perto das 8h locais (2h de Brasília) de hoje.
ALVO XIITA
Os locais atingidos são bairros ou cidades
com predominância de população xiita, que
compõem a maioria do país, o que leva a crer
que tenham sido realizados por extremistas da
minoria sunita influenciados pelo grupo
terrorista Al Qaeda, que ganha nova força no
Iraque.
Segundo os primeiros relatos, pelo menos dez
foram mortos em Hilla, três horas em direção
ao sul de Bagdá; quatro mortos e quatro
feridos em Husseiniya, duas horas ao norte;
três mortos e nove feridos numa explosão de
carro-bomba em Mashtal, uma hora ao leste;
quatro mortos e dez feridos em dois carros-
bomba em Nova Bagdá e Khadimiya, próximas
de Mashtal; dois mortos e de feridos em
Zafaraniya, uma hora a sudoeste; e seis
mortos e feridos em Alexandria, uma hora e
meia a oeste.
Ainda de acordo com as informações iniciais,
uma série de duas explosões deixou onze
mortos e feridos em Sadr City, que até a
queda de Bagdá, em abril de 2003, era
chamada de Saddam City, uma das maiores
concentrações de xiitas na periferia da capital
iraquiana e área de influência do líder
religioso Moqtada al Sadr, que segundo
pessoas próximas a ele estaria hoje em exílio
temporário e voluntário no Líbano.
Na província de Anbar, uma hora ao norte de
Bagdá, quatro tiros de morteiro atingiram um
ponto de checagem da polícia.
Antes da série de ataques de hoje, 130 civis
iraquianos tinham sido mortos e outros 134
feridos apenas desde a chegada da Folha a
Bagdá, no dia 4 de março. São mais de dois
mil mortos e feridos apenas em 2013, que
começa a ser um dos anos mais violentos no
país desde a retirada das últimas tropas
norte-americanas, no fim de 2011. As eleições
municipais acontecem em menos de um mês.
terça-feira, 19 de março de 2013
Série de atentados marca aniversário de dez anos da Guerra do Iraque
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