A Polícia Civil gaúcha confirmou oficialmente
nesta segunda-feira (11) que a boate Kiss
recebeu mais de mil pessoas na noite de 27
de janeiro, antes do incêndio que matou 241
pessoas em Santa Maria. A lotação da casa
autorizada pelo alvará de localização da
prefeitura era de 691 frequentadores.
Segundo o delegado Marcos Vianna, que
participa das investigações, a conclusão está
baseada na checagem de quatro itens: número
de mortos, número de pessoas atendidas em
estabelecimentos de saúde, número de
pessoas que compareceram espontaneamente
para depor e número de pessoas que
deixaram depoimentos num site criado para
esse fim. Pelos dados, a polícia concluiu que
havia 1.061 pessoas na boate – 50 das quais
saíram antes do incêndio.
Além dos 241 mortos, a polícia contabilizou
os 420 depoimentos de vítimas da tragédia
que não foram atendidas em hospitais e os
400 feridos que receberam atendimento em
estabelecimentos de saúde. A lista de todos os
feridos que passaram pelo sistema de saúde
do Estado foi fornecida pela Secretaria da
Saúde do Rio Grande do Sul. Houve checagem
de dados para evitar repetições de nomes.
"Conferimos nome a nome de forma
exaustiva. Não há possibilidade de contestar
os dados auditados pela polícia", disse
Vianna. Nos seus depoimentos, os sócios da
boate afirmaram à polícia que havia entre 600
e 700 pessoas no local no momento do
incêndio. Segundo Vianna, há depoimentos de
funcionários da boate afirmando que os
seguranças jamais impediram a entrada de
frequentadores acima da capacidade da casa.
Homicídio doloso qualificado
A comprovação de que a boate Kiss estava
superlotada reforça a tese de homicídio
doloso qualificado, que deverá constar do
indiciamento dos principais suspeitos de
provocarem a tragédia. A polícia confirmou
também que deverá concluir o inquérito
apenas na sexta-feira (15). A perícia na
espuma encontrada no teto da danceteria
deve ser concluída apenas na quarta-feira
(13).
O chefe de polícia do Estado, delegado
Ranolfo Vieira Júnior, estará em Santa Maria
para acompanhar a apresentação do
inquérito. Depois de remetido à Justiça, o
documento, que deverá ter mais de 6.000
páginas, é encaminhado ao Ministério Público,
que terá até dez dias para decidir se aceita ou
não a denúncia.
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