Treze meses depois de sua última visita a
Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff
encontrará nesta segunda-feira (25) um
cenário completamente diferente daquele em
que foi recebida em fevereiro de 2012,
quando passou dois dias no sertão
pernambucano para acompanhar o problema
da seca. A grande diferença está na mudança
de discurso do governador e presidente do
PSB, Eduardo Campos, que deixou de lado os
afagos de aliado para passar a ser um crítico
da gestão da presidente.
Campos é dado como nome praticamente
certo na corrida à Presidência em 2014. Por
isso, é grande a expectativa no meio político
para os discursos que Eduardo e Dilma farão
ao público. Em Pernambuco, a presidente irá
até Serra Talhada (414 km do Recife) para
inaugurar um trecho da adutora do Pajeú, que
atende a 80 mil famílias no sertão
pernambucano.
Além dos chefes do Executivo, o evento terá a
presença do ministro da Integração Nacional,
Fernando Bezerra Coelho, que é do PSB, foi
indicado por Campos para a pasta e já teve
seu nome cotado, inclusive, para a sucessão
de Eduardo em Pernambuco.
Dilma também iria a Recife, onde iria
inaugurar um dos lote das obras de
duplicação da BR-408, mas cancelou a visita
para ir ate o Rio Janeiro, para visitar as
cidades atingidas pelas chuvas.
Tom das críticas sobe
Nas últimas semanas, Eduardo Campos tem
deixado cada vez mais claro seu interesse em
disputar a Presidência no próximo ano. Prova
disso é que participa de eventos --
especialmente com empresários do Sudeste
(considerado o ponto fraco do governo
petista)-- para aumentar a popularidades, e,
ao mesmo tempo, aumenta o tom das críticas
à presidente Dilma.
Eduardo não esconde mais que mudou de
lado. Nas últimas semanas, ele críticou o
"lançamento" antecipado da campanha de
reeleição de Dilma Rousseff pelo ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a MP (Medida
Provisória) dos Portos e o mal desempenho da
economia em 2012. Em encontro com
empresários paulistas, no último dia 14, ele
afirmou que "dá para fazer muito mais" que a
presidente Dilma Rousseff.
No último dia 15, resolveu se encontrar
secretamente com o tucano José Serra, a
quem fez elogios. "Esse campo em que Serra
sempre militou é um campo mais próximo do
nosso campo político do que muita gente que
está conosco e esteve conosco na base de
sustentação do presidente Lula. Todo mundo
sabe disso", afirmou o governador, na
ocasião.
Campos também flerta com PTB e DEM. Nas
entrevistas, porém, ele despista quando o
assunto é candidatura e deixa sempre claro
que não vai lançar seu nome em 2013. "Este
é um ano complexo para o Brasil, que não
precisa de ninguém agora montando
palanque, nem daquela velha rinha discutindo
o passado, coisas que não dialogam com a
pauta do povo. Não é possível eleitoralizar a
política brasileira tanto assim. Essa é minha
opinião", disse em Gravatá (90 km do Recife),
no último dia 21 de fevereiro.
"Amigo"
Já Dilma tem evitado falar sobre 2014. as
últimas visitas que fez ao Nordeste evitou dar
entrevistas coletivas e não citou Eduardo
Campos nenhuma vez. Coube então ao ex-
presidente Lula comentar que vai tentar
demover Campos da candidatura cada vez
mais sólida.
"Todo sabe que sou muito amigo do Eduardo.
O meu papel é tentar fazer todo o esforço
para que a gente fique junto. Eu não conversei
com Eduardo esse ano, teve a questão das
férias. Mas agora vou voltar a conversar. Eu
acho que nós temos de construir uma aliança
muito forte. O Eduardo é uma personalidade
que pode desejar qualquer coisa nesse país",
disse no início do mês, em Fortaleza, durante
encontro do Diretório Nacional do PT.
Pesquisa
As constantes aparições na mídia nos últimos
dias tiveram impacto na corrida pela sucessão
dos dois prováveis candidatos à Presidência,
especialmente para o governador
pernambucano que, aos poucos, vai ganhando
"fama" pelo país.
Segundo pesquisa Datafolha, divulgada na
sexta-feira (22), Dilma cresceu nas intenções
de voto. A presidente chegou a 58% das
intenções (contra 54% da última pesquisa, em
12 de dezembro de 2012). Já Eduardo Campo
oscilou dentro do limite da margem de 4%
para 6%.
Marina Silva (Rede) e Aécio Neves (PSDB)
também oscilaram dois pontos percentuais
para menos e agora têm 16% e 10% das
intenções de voto, respectivamente.
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