domingo, 3 de março de 2013

Cientistas anunciam possível cura do HIV em criança nos EUA

Cientistas do Centro da Criança Johns
Hopkins, de Nova York, das universidades do
Mississipi e de Massachusetts apresentaram
neste domingo em uma conferência nos
Estados Unidos o que chamaram do primeiro
caso de uma "cura funcional" de uma criança
infectada pelo HIV. O paciente de 2 anos foi
tratado com drogas antivirais nos primeiros
dias de vida e não tem mais níveis detectáveis
do vírus nem sinais da doença. A criança não
recebe mais tratamento contra aids há 10
meses.
Segundo os pesquisadores, o paciente recebeu
uma terapia antirretroviral nas primeiras 30
horas de vida. Os pesquisadores afirmam que
a pronta administração dos medicamentos
pode ter levado à cura do bebê por ter
impedido a formação de "reservas" do vírus -
células dormentes responsáveis por reiniciar
uma infecção de HIV semanas após a
interrupção da terapia tradicional com o
coquetel.
"A pronta terapia antirretroviral em recém-
nascidos que começa nos primeiros dias de
exposição (ao vírus) pode ajudar crianças a
limpar o vírus e alcançar uma remissão de
longo prazo, sem (a necessidade de) um
tratamento por toda vida, ao prevenir a
formação de tais esconderijos virais", diz
Deborah Persaud, do Johns Hopkins, que
participou do estudo.
A criança que passou pelo tratamento recebeu
o HIV da mãe. O tratamento nas primeiras
horas de vida resultou em um decréscimo
gradativo da presença do vírus no organismo
do paciente. Com 29 dias, o bebê não tinha
mais níveis detectáveis do micro-organismo
no sangue. Com 18 meses, o tratamento foi
interrompido e, 10 meses após a interrupção,
novos testes não conseguiram detectar a
presença do HIV.
Atualmente, recém-nascidos de alto risco
(cujas mães têm infecções pouco controladas
ou cuja infecção foi descoberta próxima ao
parto) recebem uma combinação de antivirais
e em doses profiláticas para prevenir a
infecção durante seis semanas e, se o vírus
for detectado, começam o tratamento
tradicional com o coquetel de drogas. O novo
estudo pode mudar essa prática, já que
mostra a cura potencial do tratamento nas
primeiras horas de vida.
O próximo passo, afirmam os cientistas, é
descobrir se o caso é uma resposta muito
incomum ou algo que possa ser replicado em
demais pacientes. Os pesquisadores destacam
que existe somente um caso de cura
"esterilizadora" conhecido do HIV, de um
paciente que recebeu um transplante de
medula.
Em nota, os Institutos Nacionais de Saúde
(NIH, na sigla em inglês) afirmam que este é o
primeiro caso bem documentado de uma
criança que - aparentemente - foi
"funcionalmente" curada de uma infecção de
HIV, ou seja, sem níveis detectáveis do vírus e
sem sinais da doença na falta de terapia
contra o mal - ao contrário da cura
"esterilizadora", na qual todos os traços do
vírus são completamente erradicados do
corpo, mesmo em testes ultrassensíveis. A
instituição destaca, contudo, que são
necessárias mais pesquisas para entender se o
caso pode ser replicado em testes clínicos
com outras crianças infectadas pelo HIV.
"Apesar do fato que pesquisas nos deram as
ferramentas para evitar a transmissão mãe-
filho do HIV, muitas crianças infelizmente
nascem infectadas. Neste caso, aparentemente
nós temos não apenas um desenlace positivo
para esta criança em particular, mas também
uma pista promissora para pesquisa adicional
para curar outras crianças", diz em nota
Anthony S. Fauci, diretor do Instituto
Nacional para Alergias e Doenças Infecciosas
dos NIH.

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