sexta-feira, 1 de março de 2013

Max e Lua Todos os dias, cães visitam lago onde dono morreu em SP

Durante uma semana, a vida de Max e Lua foi
esperar. O cheiro, a voz, os afagos, tudo
faltava, alguma coisa estava fora de lugar.
Afoito, o casal de cães labradores passou os
dias às margens de uma lagoa em Araçatuba
(a 527 km de São Paulo).
Os dois correram em círculos, farejaram a
grama. Estavam, na verdade, aguardando que
o dono, o vigilante Luís Almeida, 46, voltasse
logo.
A espera começou em 18 de fevereiro, um dia
depois de Luís morrer afogado naquela lagoa,
próxima à chácara de sua família.
Max, 2, e Lua, de sete meses, que nunca
haviam colocado as patas ali, passaram a se
arriscar naquelas águas.
"Eles andavam de um lado para o outro e,
bem no local onde o Luís afundou, ficavam
nadando em círculos", conta a cabeleireira
Analiete Almeida, 43, viúva do vigilante.
"Na margem, bem onde ele foi socorrido, eles
ficaram cheirando por muito tempo."
Cansados, tristes e se alimentando pouco, Max
e Lua continuavam irredutíveis até serem
retirados da chácara no início desta semana.

Os cães foram levados para uma casa da
família na cidade. "Eles voltaram a comer e
agora estão melhores", diz.
A cabeleireira espera levá-los neste fim de
semana de volta para a chácara, onde os dois
foram criados e têm mais espaço para correr.
Luís sempre teve receio de nadar. Nunca
sequer havia entrado na lagoa, onde outras
duas pessoas morreram.
Naquele dia, porém, decidiu ir até lá com
dois amigos. Resolveu atravessar a lagoa.
Conseguiu ir. Na volta, afundou.
Os bombeiros foram chamados, mas não
conseguiram reanimá-lo. "O Luís era muito
amoroso com bichos, tinha pássaros,
cachorros e gostava muito deles. Sem dúvida,
Max e Lua sentiram falta dele e foram
procurá-lo", diz a viúva.
André, 24, filho de Luís, diz ter se
surpreendido. "Eles tinham muito carinho
pelo meu pai, sem dúvida estão sentindo
muita falta dele."
'SEMPRE AO SEU LADO'
Símbolo da lealdade canina, o akita Hachiko
ganhou em 1934 uma estátua em frente à
estação de trem de Shibuya, no Japão, para
reproduzir a posição de espera que manteve
no local após a morte de seu dono.
Hachiko costumava aguardar o desembarque
do professor Hidesaburo Ueno e, após a
morte dele, em 1925, repetiu a rotina de
espera por anos.
A história inspirou o filme japonês "Hachiko,
a Dog's Story" (1987) e a versão americana,
de 2009 --aqui chamada de "Sempre ao Seu
Lado".

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