Os Correios não estão entregando
correspondências em bairros considerados
perigosos para carteiros na Baixada Santista,
litoral de São Paulo. A informação é da
direção do Sintect (Sindicato dos
Trabalhadores em Empresas de Correios e
Telégrafos) em Santos (72 km de São Paulo),
que contabiliza 79 assaltos nas quatro
maiores cidades da região neste ano – mais de
um por dia.
A empresa nega a suspensão parcial do
atendimento. Em nota, informou que, "por
questões de mercado, a ECT [Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos] adotou
temporariamente um modelo de entrega
diferenciada para encomendas especiais em
algumas regiões de determinados bairros",
sem especificar municípios nem localidades.
A situação é considerada mais grave em Praia
Grande (71 km de São Paulo), onde 40
entregadores foram roubados desde o início
de janeiro, disse o presidente do Sintect-
Santos, Francisco José Nunes, o Kiko.
Conforme o sindicalista, a interrupção das
entregas ocorre em bairros periféricos de São
Vicente (65 km de São Paulo), com 18
ocorrências, e de Santos, com 11. Cidadãos
têm precisado se dirigir a postos centrais dos
Correios para retirar mercadorias.
Até cinco quilômetros
Em Santos, as entregas de produtos
comprados pela internet ou de
correspondências que pesam mais de um
quilo –geralmente transportados em carros ou
motos– foram interrompidas em bairros da
zona noroeste e em morros como São Bento e
Vila Progresso.
Para retirar essas embalagens, destinatários
têm de ir ao posto de triagem situado no Bom
Retiro, num percurso que pode chegar a cinco
quilômetros.
A ação dos bandidos contra carteiros em São
Vicente é localizada: dos 18 assaltos, 17
foram na Cidade Náutica. Por precaução, no
entanto, a empresa não está entregando nos
vizinhos Parque São Vicente e Vila Margarida –
onde há uma favela, chamada México-70, com
saída para o mar.
Tanto em Praia Grande quanto em Guarujá (86
km de São Paulo, com dez assaltos, oito deles
no distrito de Vicente de Carvalho), a entrega
de encomendas transcorre normalmente, de
acordo com Kiko. "Os Correios nos
prometeram carros com guardas armados
para escoltar os entregadores, mas não
cumpriram", disse.
Polícia: reunião
O comandante da Polícia Militar em Santos,
tenente-coronel Levi Félix, afirmou, em nota,
ter conhecimento de apenas três roubos a
carteiros, cometidos em fevereiro e somente
em Santos. "Se está havendo alguma onda de
assaltos contra representantes dos Correios,
esse fenômeno não é do conhecimento da
polícia", afirmou.
Félix, entretanto, declarou que as informações
divulgadas pelo Sintect fizeram a PM chamar
a direção regional dos Correios "para uma
reunião de trabalho, já agendada, que
ocorrerá nos próximos dias".
Eventuais providências contra roubos a
carteiros serão tomadas depois que os
Correios prestarem esclarecimentos à polícia.
"Os dados que estão sendo passados à
imprensa pelo pessoal do sindicato não
correspondem aos registrados pela polícia, o
que inviabiliza qualquer estudo técnico" para
aprimoramento da segurança nas entregas.
A assessoria de comunicação dos Correios
nada comentou sobre possíveis ações de
proteção aos carteiros. Apenas informou ter
admitido 741 empregados na diretoria
regional São Paulo Metropolitana, na qual está
incluída a Baixada Santista –sem detalhar
quantos foram deslocados para Santos e
região.
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