domingo, 3 de março de 2013

Sem dar previsão para instalar UPPs, secretário diz que operação começou há 18 dias e prendeu quase 300 pessoas no Rio

O secretário de Segurança Pública do Rio de
Janeiro José Mariano Beltrame, disse neste
domingo (3) após primeira manhã da
ocupação das comunidades da Barreira do
Vasco e complexo do Caju, na zona norte do
Rio, que a dominação dos territórios, antes
tomados por traficantes, "não é uma vitória"
e que a segurança pública é "subjetiva".
Ele afirmou que não há garantias de que o
complexo da Maré, também na zona norte,
será o próximo a ser ocupado por forças
policiais.

Beltrame disse que ainda não há como
estabelecer uma data para a instalação das
UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) nas
comunidades. "Quem está no terreno é que
tem que dizer quando vai estar pronto para
ocorrer".
O secretário explicou que a ocupação das
duas regiões foi uma ação que começou no
dia 14 de fevereiro, um "cerco que foi se
fechando e culminou no dia D", com a
tomada deste domingo.
Isso porque, desde o 14 de fevereiro, essa
força tarefa fez operações em 20
comunidades onde foi detectada a
possibilidade de migração de traficantes e
criminosos da Barreira do Vasco ou do Caju.
No total, foram 284 presos e 36 menores
apreendidos - desse número, somente neste
domingo, foram quatro presos pela Polícia
Civil e mais dez da Polícia Rodoviária Federal.
Além dos presos, nesses 18 dias de "cerco"
foram apreendidos 14 fuzis, 46 pistolas, 37
revólveres, nove espingardas, quatro
carabinas, duas submetralhadoras e 24
granadas. Nessas comunidades, que não foram
mencionadas, foram encontrados 86 kg de
cocaína e 263 kg de maconha.
Beltrame não fala em vitória nem "projeto
pronto e acabado"
"Não dá para dizer que o projeto está pronto
e acabado. Não existe vitória. Não vai ser um
secretário que vai criar essa expectativa. Não
vamos reverter um abandono de décadas 'na
segunda-feira'", afirmou Beltrame. "A
segurança pública é uma questão subjetiva, é
uma conquista diária, é um sentimento
subjetivo. Você pode ter um mar de policiais
e se sentir inseguro ou ter poucos policiais e
sentir segurança".
Beltrame falou à imprensa junto com a
delegada-chefe da Polícia Civil, Martha Rocha,
o comandante da Polícia Militar, Erir Costa
Filho, e representantes da Marinha, Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal e do Corpo
de Bombeiros. Assim como o governador
Sérgio Cabral (PMDB), o secretário ressaltou a
parceria dos órgãos envolvidos na operação.
"Fico feliz como profissional de ver policiais
do Core [Coordenadoria de Recursos Especiais]
da Polícia Civil, com a Polícia Federal
embarcando em um veículo da Marinha. É um
exemplo que de que problemas grandes se
combatem dessa forma", disse.
Migração e Maré
A migração de traficantes de favelas em
processo de pacificação existe, mas é mínima,
afirmou o secretário da segurança. Segundo
Beltrame, o cerco nas 20 favelas foi feito
exatamente para evitar a migração. "Tem sim
uma pequena possibilidade de migração.
Quem migra tem a estrutura do tráfico e vai
ser recebido em outra comunidade também
com estrutura. Há migração, mas não é
significativa", afirmou o secretário.
A Maré também terá o "dia D", mas o
secretário afirmou não poder dizer se será a
próxima comunidade a ser ocupada. "A Maré
vai ter o 'dia D', mas não dá para dizer que
será a próxima. Não queremos resistência,
pessoas disparando tiros, que é uma derrota",
afirmou Beltrame. A ocupação deste domingo
aconteceu em 25 minutos e sem trocas de
tiros.
Cabral ressalta parceria com União e
comemora "resgate" de bairros
O governador Sérgio Cabral (PMDB) já havia
falado sobre a ocupação as comunidades da
Barreira do Vasco e do complexo do Caju, na
zona norte do Rio, e ressaltou a parceria do
governo do Estado do Rio com vários órgãos
do governo federal para a realização da
operação.

Segundo o governador, assim como ocorreu a
ocupação da favela do Jacarezinho, na região
de Manguinhos, também na zona norte, a
Polícia Civil também passará alguns dias na
comunidade para fazer registros de
ocorrência.
"É o renascimento de uma região assim como
já aconteceu o renascimento de outras.
Vamos dar a garantia de ir e vir das pessoas.
A população percebe cada vez mais que são
ações estruturantes e ações de segurança que
mudam a vida das pessoas", afirmou o
governador.
Cabral se disse "muito feliz" porque é
vascaíno e sempre frequentou o estádio São
Januário, vizinho à Barreira do Vasco.
"Sempre frequentei São Januário e vi crescer a
violência na comunidade, em São Cristóvão,
que é um bairro histórico, onde morou Dom
Pedro 1º. É um resgate da história e da
segurança", disse Cabral.

Ocupação
As polícias Civil e Militar do Rio ocuparam as
comunidades do Complexo do Caju e da
Barreira do Vasco, na madrugada deste
domingo (3). A ação também contou com o
Bope, a tropa de elite da polícia carioca. É o
início do processo de pacificação das 13
favelas do Complexo do Caju, na zona
portuária do Rio.
Por volta das 5h, o Bope entrou no Complexo
do Caju através da favela do Parque Alegria
(próximo ao cemitério do Caju). Na chegada,
policiais em um blindado do tipo "piranha"
removeram uma barricada formada por duas
pedras grandes.
A Barreira do Vasco foi ocupada em apenas
10 minutos. Desse modo, segundo a PM, a
operação seguiu um esquema montado que
previa o fechamento das entradas do
complexo, em uma espécie de cerco.
Antes mesmo de amanhecer, um helicóptero
da polícia fez voos rasantes com o objetivo de
intimidar possíveis agressores, enquanto os
blindados davam passagem às tropas pelas
vielas da região.

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