segunda-feira, 11 de março de 2013

Cabral corta bolsas de professores da Uerj por perda dos royalties

O pagamento de 1.400 professores que
recebem bolsas de produção científica na Uerj
(Universidade Estadual do Rio de Janeiro)
previsto para esta segunda-feira (11) não foi
feito, informa a Asduerj (Associação dos
Docentes da Uerj). Segundo o presidente da
associação, Guilherme Mota, 800 professores
substitutos, 200 visitantes e 400 bolsistas que
recebem por contratos administrativos estão
com os pagamentos suspensos por conta da
perda dos royalties do petróleo.

"Não temos previsão de quando o governo vai
pagar. Em alguns casos, essas bolsas
representam 50% dos vencimentos dos
professores. Lamentamos muito a postura do
Estado em nome dos royalties. É um absurdo
fazer isso com quem depende desse dinheiro",
diz Mota.
O setor de comunicação da Uerj não
confirmou o corte das bolsas e não soube
informar como a redução de verbas poderá
afetar os professores e os alunos da
instituição e nem e extensão dos problemas.
Pagamentos suspensos
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral
(PMDB), determinou na última quinta-feira (7)
a suspensão de todos os pagamentos do
Estado até que saia a decisão do STF (Supremo
Tribunal Federal) sobre a Adin (Ação Direta de
Inconstitucionalidade) que questiona a
derrubada no Congresso do veto presidencial
à lei que redistribui os royalties do petróleo
para Estados não produtores, o que trará
perdas para Rio de Janeiro, Espírito Santo e
São Paulo.
O reitor da Uerj (Universidade Estadual do Rio
de Janeiro) Ricardo Vieiralves anunciou na
última sexta-feira (8), em nota divulgada pela
instituição, que está negociando com o
governo do Estado a volta de verbas recebidas
pela universidade. Segundo ele, "a Uerj
precisa de um estado operando em boas
condições para que possa funcionar bem e
atender às demandas da sua comunidade e
também da sociedade fluminense".
A nota ainda informa que o reitor está
"agindo no sentido de minimizar danos, de
modo que sejam os menores possíveis para a
comunidade universitária" e "em tratativa do
governo do Estado para que a situação da
Universidade volte à normalidade o mais
rápido possível".
Para o presidente da Asduerj, a nota pouco
esclareceu a situação. Ele classifica o atual
momento como um "período de obscuridade,
sem qualquer informação do que vai ocorrer".
Bolsas para alunos
De acordo com uma aluna do curso de
pedagogia que não quis se identificar e
também não recebeu a bolsa de iniciação
científica, a ajuda de custo de R$ 400 era o
que a mantinha na universidade.

"Eu moro em Niterói, estudo de manhã e à
noite e trabalho durante à tarde. Esse
dinheiro pagava a minha alimentação, o
transporte e me ajudava em casa. Tenho
vínculo exclusivo e não posso trabalhar em
mais nada. O que eu vou fazer? É uma
palhaçada", diz a estudante.
Problemas de infraestrutura
O aluno do curso de geografia, Dimitri
Andrade, destaca que além dos problemas
com as bolsas, a falta de verbas pode afetar a
conservação da universidade.
"O edifício é antigo e ficou muito tempo sem
manutenção. Já tive aulas em salas onde os
fios do ventilador não tinham interruptor e
ficavam expostos, pondo em risco a
segurança dos alunos. Vários bebedouros e
banheiros não funcionam, placas de concreto
se descolam e caem. Houve incêndios e
quedas de luz por causa da fiação antiga",
conta ele.
Segundo um aluno do curso de economia que
não quis se identificar, a universidade sofre
com problemas de infraestrutura há muitos
anos. "Os banheiros são um caso crônico. Na
maioria das vezes não há papel ou sabão.
Quando algum equipamento dá defeito ou
quebra é uma vida para voltar do conserto",
explica ele. "Eu acho que não são os royalties
que vão determinar o fim da Uerj. Os
problemas vêm de muitos anos e deveria ser
encontrada uma maneira de melhorar a
universidade de uma vez por todas".

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