quinta-feira, 14 de março de 2013

"Sou capaz de fazer qualquer papel", diz Thammy sobre mudança de Jô em "Salve Jorge"

Na pele da policial Jô de "Salve Jorge", a atriz
Thammy Miranda tem se divertido com a
repercussão que os novos rumos de sua
personagem na novela tem causado.
Nas próximas semanas, Jô, uma escrivã com
trejeitos masculinos obstinada por desvendar
os vilões do crime organizado internacional,
se transformará em "um mulherão". Tudo em
prol de uma investigação policial da trama
que busca desvendar uma quadrilha de tráfico
humano alocada na Turquia.
Seja pelos desdobramentos que a infiltração
de Jô podem ter para a novela, seja pela
curiosidade de ver Thammy, homossexual
assumida que adotou há anos um visual
masculino, como uma garota de programa
sensual, a expectativa sobre a transformação
é grande.
"Já está todo mundo se estapeando pela
primeira foto", comemora Thammy

"Você gostaria que ela
fosse como?", responde quando pressionada a
dar as características do disfarce. "Não sei
como ela vai se vestir, nem como vai ser
infiltrada", desconversa, acrescentando que a
primeira cena da nova fase de Jô só deve ir ao
ar "daqui a duas semanas".

Filha da cantora e dançarina Gretchen,
Thammy tentou seguir os passos da mãe antes
de "se encontrar" na carreira de atriz.
Com o nome artístico Thammy Gretchen ela
dançou no grupo da mãe, gravou um CD (aos
18 anos, idade em que aparece na foto
acima), posou nua e atuou em um filme
pornô ao lado da ex-namorada Julia Paes.
Ao assumir a homossexualidade, abandonou o
cabelo cumprido, as roupas sensuais e a
marca Gretchen. "Agora sou Thammy Miranda
porque é o meu nome de batismo, porque
quer dizer que sou eu mesma, não uma
personagem", diz.
Segundo Thammy, Gloria Perez, autora de
"Salve Jorge", não tinha planejado a guinada
do papel quando a convidou para viver a
escrivã. "Acho que ela queria ver como eu iria
me sair e também sentir a aceitação do
público".
Com um sorriso enorme de satisfação no
rosto, Thammy lembra do momento em que a
autora revelou o que planejava para Jô. "Ela
me ligou, me deu parabéns e disse que se
surpreendeu com meu desempenho", conta.
"Aí ela falou: 'Muitas pessoas tem me pedido
para aumentar seu papel e eu vou te dar esse
presente'", completa.
Apesar de não saber quanto espaço Jô vai
ganhar na trama, Thammy torce para que o
núcleo da delegacia, formado por Jô, Helô
(Giovanna Antonelli) e Barros (Marcelo
Airoldi) ganhe cada vez mais importância.
"A gente se diverte muito gravando e acho
que essa alegria está transparecendo para
quem assiste", disse, fazendo muitos elogios
aos colegas. "Tudo o que eu aprendi nesse
trabalho eu devo a Giovanna".
Thammy também deseja que Jô seja a peça-
chave para a prisão de Wanda (Totia
Meirelles), Livia (Claudia Raia), Irina (Vera
Fischer) e Russo (Adriano Garib). "Não sei se
eles devem morrer, mas quero que sofram
bastante. Queria que a Jô forjasse um
programa com o Russo e judiasse bastante
dele", deseja.
Sobre um possível romance da personagem na
história, Thammy afirma que acha improvável.
A sexualidade da personagem, explica, é algo
pouco discutido nos bastidores de "Salve
Jorge". "A Glória já disse que isso não está em
questão".
"No começo eu perguntei se a Jô era lésbica,
mas me disseram para eu me preocupar em
ser a policial", explica. "Acho o arco
investigativo da trama tão mais interessante
do que, por exemplo, um beijo gay". "Nunca
pensei em quem poderia ser o par romântico
da Jô, mas se a Glória escrever, eu faço numa
boa".
Iniciante na carreira televisiva, Thammy faz
aulas de interpretação uma vez por semana
para melhorar a atuação na novela. Para a
nova fase de Jô, no entanto, ela não mudou a
rotina.
"Estou me preparando comigo mesmo, para
conseguir visualizar o que a Jô faria. Se eu
fosse uma policial infiltrada, seria capaz de
fazer tudo para desvendar a máfia", afirma.

"Rompendo barreiras"
Pelo menos no discurso, Thammy está tão
empenhada quanto sua personagem para se
estabelecer na carreira de atriz. "Sou capaz de
fazer qualquer papel, se me derem a chance",
afirma.
Por outro lado, Thammy afirma estar
consciente que sua opção sexual e estilo
podem restringir seus papeis. "Se o
preconceito vir primeiro, talvez eu só faça
essa policial", diz. "Ser homossexual assumida
não quer dizer que eu só possa fazer papeis
gays, eu posso fazer homem, mulher, olha que
maravilha", brinca.
Para ela, a discriminação sexual é um fator
importante para que "muitos artistas não
saiam do armário". "Não condeno, nem julgo,
porque sei o quanto se assumir atrapalha a
carreira", diz. "Uma mulher como eu, que não
é feminina, não é vendável, eu nunca vou ser
chamada para fazer comercial de shampoo,
por exemplo".
Para Thammy, no entanto, a sua escalação
para interpretar Jô é um começo de mudança.
"Só o fato de eu estar em uma novela das
21h, de  uma autora importante como a
Glória, já está rompendo barreiras", afirma.
"Poderia não ser eu, poderia ser uma atriz
hétero no papel, mas só de ter alguém como a
Jô na novela, já é quebrar o preconceito",
afirma.
"Depois que a minha personagem foi para o
ar, veio a da Martnália em "Pé na Cova" [série
de Miguel Falabela exibida pela Globo às
quintas-feiras]. Talvez daqui para frente
existam mais papeis assim, porque essas
pessoas existem na vida real".

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