domingo, 26 de maio de 2013

Morre Roberto Civita, presidente do conselho de administração do Grupo Abril, aos 76 anos

Roberto Civita dedicou mais de
cinco décadas de sua vida a
transformar a editora criada em
1950 por seu pai, Victor Civita, em
um dos maiores conglomerados
editoriais da América Latina, o
Grupo Abril. Foi ele quem idealizou
e lançou, em 1968, a revista Veja,
ainda hoje o carro-chefe do grupo.
Estudou física nuclear, jornalismo e
economia, além de ter feito pós-
graduação em sociologia. Mas
considerava-se, acima de tudo, um
editor.
Civita morreu neste domingo, 26,
às 21h45, no Hospital Sírio
Libanês, em São Paulo, vítima de
complicações de um tratamento
cardíaco. Ele tinha 76 anos. Deixou
a esposa, Maria Antônia Civita, e
três filhos: Giancarlo Civita, vice-
chairman da Abrilpar, holding da
família Civita que controla a Abril
S/A e a Abril Educação S/A, Victor
Civita Neto e Roberta Civita.
Giancarlo exerce interinamente a
função do pai no comando do
Grupo Abril desde o fim de março.
Sucessão. O empresário assumiu a
presidência do conselho do Grupo
Abril em 1990, após a morte de
Victor Civita. Inicialmente, seu
plano para a companhia (que, além
da editora, incluía uma indústria
gráfica e um braço de distribuição
e logística) era transformá-la em
uma empresa de capital aberto.
Chegou a anunciar, em 1994, o
cronograma para ir à Bolsa de
Valores com 30% do capital do
grupo, que até então detinha 155
títulos, entre revistas semanais e
mensais, e um faturamento de US$
418 milhões (cerca de R$ 820
milhões em 1993).
Mas a Abril nunca chegou a fazer
sua oferta inicial de ações na
Bolsa. Por causa de uma série de
aquisições e sociedades feitas no
início da década, a empresa entrou
em um período de instabilidade
financeira.
Por isso, durante os anos em que
liderou o grupo, Civita reduziu o
número de publicações para 54
títulos regulares.
Após 23 anos à frente do grupo, o
empresário conseguiu fazer a
receita líquida da companhia saltar
para R$ 2,975 bilhões em 2012,
conforme o último balanço
divulgado.
O empresário diversificou as áreas
de atuação da companhia, que,
além de revistas, passou a publicar
conteúdo e serviços online e atuar
em TV segmentada, comércio
eletrônico e na área de educação
(livros didáticos e sistemas de
ensino).
Em entrevista concedida ao Estado
em 2010, quando criou um curso
de pós-graduação em jornalismo
em parceria com a ESPM, o
empresário - nascido em Milão, na
Itália, e naturalizado brasileiro - se
definiu essencialmente como um
editor.
"A única coisa que eu sei mesmo
fazer na vida é ser editor, me
considero um editor. E, ao longo
desses anos - estou na Abril há
mais de 50 -, participei da criação
de um monte de revistas."
Mudanças. Sobre as mudanças dos
últimos anos no mercado editorial,
principalmente por causa do
avanço da internet, Civita
acreditava que, seja qual for o
meio em que for veiculada, a
informação sempre será um
produto cobiçado. "Acho que
haverá mudanças impossíveis de se
imaginar hoje, mas no conjunto,
tenho certeza de que a função de
jornalista é necessária, que alguém
ir buscar a informação é algo
necessário e que os amadores não
podem fazer isso. Os amadores,
que não têm nada a fazer na vida a
não ser entrevistar gente e ouvir
um que acha isso, outro que acha
o contrário. E quem vai organizar?
Quem vai hierarquizar? Isso é coisa
para jornalista profissional. Não
tenho dúvida disso", afirmou.
"Mas a profissão vai ser
monetizável? Tenho certeza de que
as pessoas vão estar dispostas a
pagar por isso. Porque é um
serviço valioso. E não venha me
dizer que está tudo de graça na
internet. Só se você não tiver mais
nada para fazer na vida. Mesmo
assim, no fim de 12 horas que você
passe na internet, no fim do dia,
você teria uma boa visão do
conjunto? Não. Você precisa de
profissionais, para filtrar, para
escolher, ponderar. Para avaliar.
Não tenho nenhuma dúvida sobre
isso. Nenhuma."

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