O jornal "Diário do
Povo", voz oficial do Partido Comunista da
China, criticou nesta quinta-feira duramente os
canais de televisão do país que apresentam
concursos de desafios às celebridades, como
um de salto de trampolim em que o ajudante
de uma das estrelas morreu após um incidente
durante os treinamentos.
"Há uma linha vermelha que as emissoras não
devem ultrapassar em relação ao
entretenimento. No entanto, muitas delas
acabam fazendo vista grossa por causa do
apelo desses programas sobre a audiência",
indicou um artigo de opinião do "Diário do
Povo" ao abordar o trágico acontecimento.
A tragédia citada ocorreu na noite do último
dia 19 de abril, quando Peng Jiaxuan, de
apenas 18 anos e ajudante do conhecido ator
e especialista em artes marciais Shi Xiaolong,
se afogou em uma das piscinas em que as
celebridades treinavam para aperfeiçoar seus
saltos.
As autoridades locais e nem o próprio
programa, de uma emissora da província
meridional de Zhejiang e que é rodado no
chamado Cubo de Água (sede das provas de
natação e saltos dos Jogos Olímpicos de
Pequim), deram mais detalhes sobre o fato,
algo que gerou várias críticas da opinião
pública chinesa.
Atualmente, há duas emissoras chinesas que
transmitem simultaneamente versões deste
programa, que, apesar do incidente citado, é
tido como um dos grandes "campeões de
audiência".
Além disso, a adaptação chinesa do conhecido
programa conta com dois participantes que
não sabem nadar, o cantor Han Gen e o
comediante Niu Qun, que chegaram a ficar
inconscientes durante os treinamentos.
O artigo do jornal também criticou às
celebridades que participam deste programa e
assinalou que estes famosos "têm obsessão de
estar diante das câmeras para aumentar sua
popularidade".
Como é habitual neste tipo concurso, que foi
criado na Holanda, vários participantes da
edição chinesa ficaram feridos durante os
treinamentos por causa dos esperados
impactos dos saltos na água.
Após a morte de Peng, a rede de televisão
cancelou a edição programada para o dia
seguinte, embora a suspensão tenha sido
atribuída ao terremoto que afetou à província
de Sichuan nesse mesmo dia e não ao
falecimento do ajudante.
"Não entendo como o ajudante de Shi
Xiaolong pôde falecer", comentou um dos
responsáveis do programa. "As gravações
seguem restritos critérios de segurança. O
acesso às piscinas, por exemplo, só pode ser
feito pelos treinadores, câmeras, editores e
socorristas, além das próprias estrelas, mas
não seus ajudantes", acrescentou.
Embora o salto ornamental seja um esporte
muito popular na China, dona de seis das oito
medalhas dos Jogos Olímpicos de Londres, a
treinadora da Universidade de Tsinghua, Yu
Fen, assegurou que programas deste tipo "não
ajudam na promoção do esporte e, inclusive,
afastam os atletas mais comprometidos".
Em sua "fórmula de sucesso", os programas
em questão "preparam" os participantes
famosos para efetuar saltos durante dois ou
três dias, sendo que alguns deles chegam a
saltar de plataformas de 10 metros de altura.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Morte de jovem inicia debate sobre bom senso dos concursos de TV na China
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