quinta-feira, 2 de maio de 2013

Batalha nos bastidores esquenta clima para jogo São Paulo e Atlético-MG

Nos dias que antecederam a partida desta
quinta-feira, pelas oitavas de final da
Libertadores, Atlético-MG e São Paulo travaram
acirrada disputa nos bastidores. O anunciado
boicote do alvinegro mineiro, juntamente com
outras grandes equipes do Brasil, por causa de
um suposto aliciamento de atletas feitos pelo
tricolor paulista na base, foi apenas um
capítulo dessa história. A luta pela arbitragem
do jogo criou novo confronto político.
A escalação de um trio paraguaio para o
confronto foi uma das batalhas travadas fora
das quatro linhas. O São Paulo, sem se
manifestar oficialmente, desejava juiz
brasileiro, como normalmente acontece em
duelos envolvendo dois times brasileiros pela
Libertadores. Já a diretoria atleticana queria
arbitragem de fora do país.
O presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil,
esteve na Conmebol na terça-feira da semana
passada, dia 23 de abril. Ele foi à entidade com
o presidente da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF), José Maria Marin, e o seu vice
Marco Polo Del Nero. Segundo oBlog do
Perrone , a visita irritou a diretoria do São
Paulo, que temia uma influência do rival na
decisão do árbitro.
O dirigente atleticano enviou para a CBF uma
carta, com data de 23 de abril, quando pediu
para a Conmebol escalar um árbitro estrangeiro
para o duelo da Libertadores. De acordo com o
Blog do Perrone à caneta, José Maria Marin
acrescentou: “respeitosamente ao presidente da
Conmebol” e encaminhou a carta à
Confederação.
A Conmebol atendeu o pedido do Atlético,
escalando um trio paraguaio. Antonio Arias
será o juiz do confronto desta quinta-feira,
auxiliado por Carlos Cáceres e Darío Gaona. O
fato mostrou força política por parte do time
mineiro, que entendeu que um juiz de outro
país sofreria menos pressão, além de conseguir
enfraquecer a diretoria do São Paulo.
A decisão da Conmebol desagradou o técnico
Ney Franco. “A gente sabe que quem escolheu a
arbitragem estrangeira foi o Atlético-MG. Nosso
pensamento é de quem for vai apitar
independentemente da nacionalidade. Não
podemos pensar se é equatoriano, colombiano,
paraguaio, como vai ser neste caso. O que é
certo é que temos nossa proposta de
arbitragem brasileira, mas não cabe ficar
lamentando. O atlético-MG definiu, mostrou
força nos bastidores e escolheu a arbitragem”,
comentou o treinador.
Outra batalha aconteceu na última semana,
quando o Atlético anunciou que fazia parte do
boicote feito por clubes brasileiros ao São
Paulo, por acusar o time paulista de aliciar
jogadores. O fato gerou troca de farpas entre o
diretor são-paulino Adalberto Batista e o
gerente da base atleticana André Figueiredo.
Adalberto Batista disse

na
última sexta-feira, que André Figueiredo tem
ligação com empresários e afirmou que o
dirigente atleticano foi até o time paulista pedir
emprego para trabalhar na base do clube.
“Importante informá-lo que conheço muito
bem o que se passa em Cotia, inclusive, que
este senhor lá esteve no ano passado para pedir
emprego, e que não foi acolhido justamente
pela estreita relação que mantém com
empresários”, afirmou o dirigente são-paulino.
Por sua vez, André Figueiredo negou, à
reportagem, que tenha procurado o tricolor
paulista e rebateu as acusações de atender a
favores de empresários. “Eu não tenho relação
alguma com qualquer empresário de futebol.
Isso seria contra os princípios do Atlético.
Estou neste cargo há dez anos e você nunca irá
ouvir que o André Figueiredo está ligado a um
empresário. O presidente Alexandre Kalil é
contra esta situação e combate isso na base”,
garantiu.
A disputa de bastidores entre os dois rivais já
havia registrado um capítulo inicial em 2012.
Em julho, a diretoria atleticana acusou o São
Paulo de ter tentado aliciar o zagueiro Réver.
Segundo os dirigentes mineiros, pessoas ligadas
ao clube paulista tentaram convencer o
defensor a deixar o clube de Belo Horizonte. A
diretoria do Atlético foi ao STJD e fez um
protesto formal pela situação, mas nenhuma
punição aconteceu e o assunto “morreu”.
Já no começo deste ano, o goleiro Renan
Ribeiro, revelado na base do Atlético, cujo
contrato se encerra em maio, assinou um pré-
vínculo com o São Paulo, respaldado pela
legislação. Após conversa com os dirigentes
atleticanos, o jovem camisa 30 foi colocado
para treinar em separado do restante do
elenco, ainda na pré-temporada do time. Desde
então, Renan não tem mais contato direto com
os companheiros, sempre trabalhando em
horário diferente do grupo.
Rivalidade também nas quatro linhas
Em campo, as declarações de jogadores dos
dois lados não deixam a disputa menos pesada.
Ronaldinho Gaúcho polemizou durante o jogo
do dia 17, pela fase de grupos. O atleta
afirmou que a partida era um treino para o
Atlético, já classificado e com o primeiro lugar
geral garantido. “É um grande treino para a
próxima fase. Temos de pegar esse jogo para se
divertir, jogar com alegria”, disse o astro
atleticano, a caminho do vestiário.
Ao final do duelo, o camisa 10 provocou o São
Paulo ao afirmar que nas oitavas de final a
situação seria diferente, fato que não foi bem
recebido pelo adversário. “Agora é outra
história, eles sabem que é outra história”,
afirmou Ronaldinho Gaúcho, depois daquela
partida. Na terça-feira passada, durante
entrevista coletiva na Cidade do Galo, o camisa
10 fez coro à mudança de postura do Atlético e
afirmou que a partida das oitavas de final tem
sido encarada como final para o clube mineiro.
Internamente, o Atlético reconhece que a
partida desta quinta-feira ganhou um clima de
pressão e de decisão pelos acontecimentos que
cercam o jogo. A diretoria não comenta
abertamente a situação, mas não esconde a
importância da competição para o clube
mineiro. O diretor de futebol, Eduardo Maluf,
em conversa com a reportagem disse que não
daria declarações para não criar polêmicas.
Os jogadores mostram entusiasmo para o
duelo. “É um jogo importante, de uma
competição importante, então é uma pressão
grande, é uma decisão. O São Paulo está
encarando o jogo assim e a gente também”,
disse Bernard. O atacante Jô acredita em um
duelo nervoso. “Faz parte do futebol,
declarações daqui, de lá, torna um clássico um
pouco mais nervoso, sei que o Ronaldo não
falou para menosprezar o São Paulo, que
merece respeito, assim como o Oswaldo, então,
quem correr mais, tiver mais vontade vai
vencer”, disse.

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