segunda-feira, 27 de maio de 2013

Amado Batista fala sobre ter sido torturado durante Regime Militar: ‘acho que mereci’

Apesar
de ter sido torturado durante o ditadura
militar no Brasil (1964-1985), Amado
Batista , 62, afirmou não se sentir vítima do
Estado. Durante entrevista no programa "De
Frente com Gabi" desta segunda-feira (27), o
cantor comparou seus torturadores a "uma
mãe que corrige um filho".

"Não. Eu acho que mereci. Fiz coisas
erradas, eles me corrigiram, assim como
uma mãe que corrige um filho. Acho que
eu estava errado por estar contra o
governo e ter acobertado pessoas que
queriam tomar o país à força. Fui
torturado, mas mereci" , afirmou ele.
Batista contou à Marília Gabriela que, quando
tinha entre 18 e 19 anos, antes de se tornar
músico profissional, trabalhava em uma
livraria. Isso fez com que ele facilitasse o
acesso de intelectuais a livros considerados
subversivos na época.
O músico ainda afirmou que aceitou enviar
somas de dinheiro a um professor
universitário do Maranhão, que, mais tarde,
descobriu estar envolvido em ações
clandestinas de grupos esquerdistas.
De acordo com Amado Batista, quando os
militares investigaram seus clientes na livraria,
acabaram chegando até ele. Então, Batista
ficou preso por dois meses: "me bateram
muito. Me deram choques elétricos" .
Depois que o soltaram, todo machucado, ele
disse ter passado por um perrengue: "fiquei
tão atordoado. Queria largar tudo e virar
andarilho" .
Mas toda essa tortura não fez com que o
músico ficasse traumatizado. Pelo contrário,
ele acredita que a repressão foi um
instrumento necessário naquele contexto, para
evitar que "o Brasil virasse uma (espécie
de) Cuba" .
Amado Batista recebe uma indenização do
governo depois de ter sido procurado pela
Comissão da Verdade, que investiga violações
de direitos humanos praticados durante o
regime militar. "Recebo um salário de cerca
de R$ 1.000, há algum tempo, mas acho
desnecessário."

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