sexta-feira, 3 de maio de 2013

Comissão da Verdade decide exumar o corpo do ex-presidente João Goulart

O corpo do ex-presidente João Goulart, morto em 1976, será exumado, por decisão da
Comissão Nacional da Verdade e do MPF-RS (Ministério Público Federal do Rio Grande do
Sul).
A despeito da versão oficial da morte de Goulart, por ataque cardíaco durante exílio na
Argentina após ser deposto pelo golpe de 1964, a família do ex-presidente acredita que
ele possa ter sido envenenado. O corpo de João Goulart está enterrado no cemitério de
São Borja, no Rio Grande do Sul.
A advogada criminalista Rosa Cardoso, integrante da Comissão da Verdade, disse que os
"indícios concludentes" de que Goulart foi vigiado no exílio pela "Operação Condor" (uma
aliança entre as ditaduras do Cone Sul nos anos 1970 para perseguir os opositores dos
regimes militares da região) sugerem, também, que ele pode ter sido assassinado por
ordem da ditadura brasileira. A exumação deve confirmar ou não essa premissa.
Por enquanto, Rosa evita afirmações categóricas. "Nós temos que perguntar agora se já é
possível que a comissão se posicione a respeito de um assassinato", disse. Mas, "como
criminalista", afirmou que tem visto casos nos quais o Judiciário se pronuncia [pela
condenação de criminosos] "com uma quantidade muito menor de indícios concludentes"
do que os disponíveis na apuração sobre a morte de Jango.

Ainda de acordo com a advogada, os indícios incluem os fatos narrados na representação
da família Goulart, que por intermédio do Instituto Presidente João Goulart motivou o
início do inquérito civil público em curso no MPF-RS desde 2007.
Ela também mencionou o documentário "Dossiê Jango" (2012), de Paulo Henrique
Fontenelle, e o depoimento do ex-agente uruguaio Mário Neira Barreto, preso no Rio
Grande do Sul, que confessou ter sido "cúmplice" do assassinato do ex-presidente por
envenenamento, na Argentina.
Tese de envenenamento
Segundo o neto de João Goulart, Christopher, que encaminhou a petição à Comissão,
reforçando o pedido e a autorização para a exumação do corpo do ex-presidente, a
família está convencida de que Jango foi assassinado e recebeu garantias da
Sedh ( Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República) de que já há
tecnologia para detectar traços do veneno mesmo décadas após a morte.
A tese é que o ex-presidente foi envenenado por um agente argentino sob ordens do ex-
delegado Sérgio Fleury e com o conhecimento do ex-general Orlando Geisel.
Uma cápsula com a substância teria sido colocada entre medicamentos tomados
regularmente por Jango em um hotel em Buenos Aires. Ele morreu alguns dias depois em
sua fazenda em Mercedes, na província de Corrientes. (Com informações do Valor)

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