Em entrevista concedida ao programa
"Fantástico", da "TV Globo", a médica Virgínia
Soares de Souza, acusada de homicídio
qualificado por abreviar a vida de pacientes
do Hospital Evangélico em Curitiba (PR),
negou que tenha sido imprudente no
tratamento das pessoas que iam para a UTI
(Unidade de Terapia Intensiva) e disse que
algumas testemunhas do caso não são
qualificadas o suficiente.
"As testemunhas não sabem o que estão
falando, pois não são médicas", disse . De
acordo com o programa, Virgínia respondeu
às perguntas da produção em um gravador
durante uma visita de seu advogado de
defesa. Segundo ela, a motivação de algumas
testemunhas foi vingança, pois muitas delas
tinham sido demitidas.
A médica Virgínia Soares de Souza está presa
no CT1 (Centro de Triagem 1), localizado em
Curitiba (Paraná), na região central da cidade.
Virgínia comentou alguns dos trechos usados
pela acusação contra ela. Em um deles, em
que ela cita o termo "desentulhar", a médica
diz que escolheu mal as palavras e que não
queria dizer "matar pessoas".
Em outro trecho das escutas da polícia,
Virgínia utilizou a expressão "desligar" ao se
referir a um paciente. Neste caso, disse a
médica, ela estava comentando com um
colega o fato de ter parado de administrar
alguns remédios por não estarem surtindo
efeito nos pacientes.
O caso
A investigação veio a público em 19 de
fevereiro, com a notícia da prisão temporária
de Virginia Helena Soares de Souza. As
primeiras informações davam conta de que
ela era suspeita de eutanásia --induzir
pacientes à morte a pedido ou com o
consentimento deles.
A ação, que envolveu cerca de uma dezena de
policiais, recolheu prontuários e documentos
com dados sobre internações e mortes na UTI
do Evangélico.
"Investigamos a antecipação de mortes dentro
da UTI geral. Não falamos em eutanásia. Para
nós, trata-se de homicídios", afirmou, no dia
seguinte, a delegada Paula Brisola. Segundo
ela, Virginia, que dirigia a UTI geral desde
2006, foi indiciada por homicídio qualificado.
No dia 23 de fevereiro, a polícia prendeu
outros três médicos. Ao programa
"Fantástico", levado ao ar no dia seguinte
pela "TV Globo", dois deles se disseram
inocentes. Após dois dias, , uma enfermeira
que era procurada desde o sábado daquela
semana apresentou-se à polícia. À noite, a
Justiça decretou o fim do sigilo do inquérito.
Na denúncia que originou a investigação, um
ex-funcionário do Evangélico relata que
"muitos pacientes do hospital que se
encontram em estado de coma, com risco de
sequelas ou de demorarem para sair desta
situação, têm a frequência respiratória de
seus aparelhos diminuída. Após isso, são
ministrados medicamentos que bloqueiam as
vias respiratórias juntamente com os remédios
diários, o que leva, em muito caso, ao óbito
do paciente, propositalmente".
No dia 27 de fevereiro, o advogado da
médica, Elias Mattar Assad, apresentou pedido
de habeas corpus pela liberdade dela. O
pedido não será julgado antes da próxima
quinta-feira (7) pela 1ª Câmara do Tribunal de
Justiça do Paraná.
No dia 4 de março, a polícia entregou o
inquérito ao MPE. Nele, indicia Virginia e
outros quatro médicos por homicídio
qualificado e formação de quadrilha. No
próximo dia 11, o MPE irá decidir se
apresenta denúncia à Justiça contra os
indiciados.
domingo, 10 de março de 2013
Médica acusada de abreviar vida de pacientes nega acusações e desqualifica testemunhas
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