Uma ex-funcionária do Hospital Evangélico de
Curitiba, cuja UTI é alvo de investigação por
supostos homicídios, relatou à polícia que foi
ordenada a "fazer de conta que não viu nada"
quando um paciente entrou em parada
cardíaca. O depoimento consta do relatório
final do inquérito policial, ao qual a Folha
teve acesso.
Concluído na última segunda-feira (4), o
documento se fundamenta principalmente em
depoimentos de ex-funcionários para indiciar
cinco médicos e uma enfermeira sob suspeita
de homicídio qualificado e formação de
quadrilha.
Todos negam as acusações e afirmam que
tudo isso é fruto de um equivocado
entendimento de termos médicos.
O depoimento da ex-funcionária, cujo nome
não foi revelado, relata que ela foi segurada
pelo braço por uma enfermeira, quando
reanimaria um paciente em parada cardíaca.
"Faz de conta que você não viu nada", teria
dito a funcionária à testemunha, ao impedir
que ajudasse o paciente, que morreu em
seguida.
A denunciante, que diz ter trabalhado na UTI
em setembro e outubro de 2012, ainda afirma
que as mortes eram antecipadas pela
aceleração da sedação. Em vez de o
medicamento pingar pela bomba infusora, por
exemplo, ele era ministrado com uma injeção,
ou então o ritmo da bomba era acelerado.
O relatório da polícia menciona 32
depoimentos, dos quais 24 levantam suspeitas
sobre os indiciados.
O documento também é acompanhado pelos
prontuários de 25 pessoas que morreram na
UTI, cujas mortes foram supostamente
provocadas pelos suspeitos. A polícia não
detalha, porém, quem teria causado a morte
de cada um dos pacientes.
O documento afirma que os prontuários estão
sob análise de equipes do Ministério Público e
da polícia. Segundo especialistas ouvidos pela
Folha, eles serão peça-chave da acusação,
porque podem indicar erros na condução do
tratamento.
Para o advogado Elias Mattar Assad, que
defende a chefe da UTI, Virgínia Helena
Soares de Souza, o relatório é "tíbio". "Não
diz dia, hora e local de nada, não prova a
relação de causalidade e nem prova a
existência de fato criminoso", diz.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Ex-funcionária diz que foi forçada a omitir socorro na UTI de Curitiba
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