quarta-feira, 1 de maio de 2013

Grécia celebra Dia do Trabalho com greve geral

O Dia do Trabalho foi
comemorado de forma peculiar na Grécia: o
governo transferiu o feriado para a próxima
semana, e os sindicatos, irritados,
convocaram uma greve geral.
Uma porta-voz do principal sindicato grego,
GSEE, disse que a adesão à greve foi
"realmente boa" em setores como
administração pública, bancos, transporte
marítimo, ferrovias e indústria, embora
menor no comércio.
Novos cortes do orçamento preveem
demitir 15 mil funcionários públicos
A greve serviu como protesto contra a nova
rodada de cortes no orçamento aprovada, no
domingo, pelo Parlamento, e estipulada pelo
governo do conservador Antonis Samaras e
pela troika --grupo que reúne Comissão
Europeia, Banco Central Europeu e FMI
(Fundo Monetário Internacional).
O novo plano de ajuste, requisito para o país
obter o próximo "cheque" de seu resgate
financeiro, contempla, entre outras medidas,
a demissão de 15 mil funcionários públicos
até o final de 2014.
Além disso, inclui a possibilidade de que os
contratados no setor público por um período
inferior de cinco meses possam receber um
salário de 490 euros mensais se forem
maiores de 25 anos, e de 427 euros se
tiverem menos do que essa idade, valor
inferior aos 580 euros fixado pelo salário
mínimo.
"A economia não vai ressuscitar com ajuda do
governo, dos banqueiros nem do sistema
político corrupto. Ressuscitará graças à luta
dos trabalhadores, trabalhadores que as
autoridades querem deixar à margem porque
na realidade os temem. Mas nós queremos os
trabalhadores na vanguarda da reconstrução
da Grécia", disse, em seu discurso, o líder do
partido esquerdista Syriza, Alexis Tsipras.
Protestos menores que as greves passadas
Os protestos de Primeiro de Maio na capital
Atenas foram maiores do que as
manifestações de anos anteriores, mas bem
menores do que as greves passadas.
"Não é uma grande manifestação, na greve
geral anterior havia 100 mil pessoas",
lamentava Andonis Dimakis, empregado de
uma instituição semipública de saúde mental
que teve o salário reduzido pela metade. Em
seu emprego, muitos funcionários estão há
oito meses sem receber.
"Há derrotismo e pessimismo entre a classe
trabalhadora, mas se a greve tivesse sido
organizada melhor, mais gente teria vindo",
acrescentou.
Em frente ao Parlamento grego, um agricultor
aposentado carregava um cartaz com Angela
Merkel caracterizada como Adolf Hitler.
"Ganho 345 euros de pensão. Pago 145 de
aluguel e me restam só 200 para passar todo
o mês", reclamou Konstantinos Doganis.
"Sempre votei no Pasok (partido socialista e
um dos membros do governo de Samaras),
mas há três anos já não voto em nenhum",
disse.
A mesma raiva era expressada por Eftijia, uma
mulher que pertence a uma família na qual
apenas um de seus cinco membros tem
trabalho.
"Minha situação é a de todos os gregos, sem
trabalho, sem segurança. Nós não devemos
dinheiro, os que devem dinheiro são os que
roubaram o Estado. E se sabe quem são, são
os que nos governaram durante anos. Querem
que a gente morra. Conheço muita gente que
não tem nem para comer. Daqui a pouco
pode ser que minha família também não
tenha nada para comer", disse.
Nos seis anos de recessão e quatro de
austeridade que a Grécia vive, a taxa de
desemprego passou de menos de 10% para
27%; os salários --tanto públicos como
privados-- foram severamente reduzidos;
milhares de pequenas empresas fecharam; e o
poder aquisitivo diminuiu pela metade.
Em Salônica, a segunda maior cidade da
Grécia, assim como em outras localidades,
também ocorreram manifestações contra as
medidas de austeridade do governo e a favor
dos direitos dos trabalhadores.

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