sábado, 2 de março de 2013

Acusação promete testemunha "bombástica" e critica promotor; julgamento começa na segunda- feira (4)

O advogado José Arteiro Cavalcante, assistente
de acusação da Promotoria no processo sobre
o sumiço de Eliza Samudio, afirmou que
levará uma testemunha cujo depoimento não
deixará margens a dúvidas sobre a
condenação do goleiro Bruno Souza pela
morte da sua ex-amante.
Cavalcante disse, no entanto, que irá
preservar o nome da pessoa, que não está na
lista de testemunhas anunciadas pelo TJ-MG
(Tribunal de Justiça de Minas Gerais). O
advogado disse ainda que pretende convencer
a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º
Tribunal do Júri de Contagem, cidade da
região metropolitana de Belo Horizonte, para
ouvir o depoimento da testemunha durante o
julgamento do goleiro e de sua ex-mulher
Dayanne de Souza.
O júri popular se inicia nesta segunda-feira
(4), no Fórum doutor Pedro Aleixo, localizado
em Contagem.
"Vamos desmascarar o Bruno. A testemunha
não foi arrolada, acho que foi uma falha
grande do promotor, mas acho que ela pode
ser ouvida como testemunha do juízo. Ela
[testemunha] sabe tudo", afirmou.
Para Cavalcante, Bruno será condenado. "O
Bruno já está morto, esse julgamento é só
para sacramentar, jogar uma pá de cal e
fechar a tampa do caixão e jogar terra por
cima", disse.

Ligações feitas entre os acusados
O promotor Henry Castro afirmou, por meio
da assessoria do MPE (Ministério Público
Estadual), de Minas Gerais, que não falaria
com a imprensa por causa de uma "imersão"
a ser feita por ele no processo. No entanto, as
últimas movimentações do promotor e
entrevistas dadas anteriormente delinearam
como será a atuação da acusação no
julgamento do goleiro Bruno Souza e de
Dayanne de Souza, ex-mulher do jogador.
Mais uma vez, Castro deverá explorar o
argumento de que o arqueiro teria sido o
mandante do assassinato de Eliza Samudio,
sua ex-amante e com quem teve um filho.
Outro ponto do processo que deverá ser
levado em conta pelo promotor será o
cruzamento das ligações telefônicas feitas
entre os acusados, no dia indicado como
sendo o da morte da moça (10/06/2010), e
que foram alvo de investigação pela Polícia
Civil mineira.
Em novembro do ano passado, quando foram
condenados Luiz Henrique Ferreira Romão, o
Macarrão, e Fernando Castro, outra ex-
amante de Bruno, o representante do
Ministério Público enfatizou aos jurados esse
item.
A defesa de Bruno deve adotar a estratégia de
culpar somente Macarrão pela morte.

Outro ponto forte da acusação é o
conhecimento profundo que o promotor
demonstrou ter do processo, o que
inviabilizou, em parte, a tentativa de alguns
advogados de defesa de arrastar o julgamento
com constantes pedidos de consultas ao
documento, com aproximadamente 15 mil
páginas.
Ao ser questionado em uma entrevista dada a
um jornal mineiro, Castro afirmou que não
existe uma prova preponderante sobre outras,
mas sim, um conjunto de provas que é
considerado por ele como preponderante para
pedir a condenação dos réus.
"Não tem uma [prova] em especial. Temos os
telefonemas entre [o ex-policial Marcos
Aparecidos dos Santos] Bola, Macarrão e o
então menor [Jorge Luiz Lisboa Rosa] no dia
do crime e nos dias anteriores. As antenas de
celular mostram todos eles próximos à casa
de Bola [localizada na cidade de Vespasiano,
região metropolitana de BH], na noite do
crime. Há o sangue no carro [na Land Rover
que pertencia ao goleiro Bruno] e o
depoimento das testemunhas", afirmou.
O primo do goleiro Jorge Luiz Lisboa Rosa
deverá depor durante o julgamento, de
acordo com o TJ-MG. Ele foi uma das
principais testemunhas do caso e deverá, caso
compareça, ser bastante sabatinado pelo
promotor. Um DVD contendo a entrevista
dada por Rosa ao programa "Fantástico", da
"TV Globo", no dia 24 do mês passado, foi
anexada ao processo e deverá ser exibida aos
jurados.
Um inquérito complementar e sigiloso
também foi anexado ao processo. A pedido do
MPE (Ministério Público Estadual), a Polícia
Civil mineira investiga a suposta participação
de dois ex-policiais na morte de Eliza.

Também a pedido do órgão, a Justiça
autorizou em janeiro deste ano a quebra do
sigilo bancário do goleiro, o que deverá
ensejar por parte do promotor alguma citação
com o resultado da quebra do sigilo durante o
julgamento.
Castro também deverá argumentar em relação
a um dos trunfos da defesa, que alega não ter
sido encontrado o corpo de Eliza Samudio,
denotando assim a ausência do crime de
homicídio.
"A defesa se desmoronou. Antes, os advogados
diziam que não havia existido o crime. Depois,
reconheceram a morte. E agora, voltam a
negar", disse o promotor durante a
entrevista. Para tanto, ele também deverá
relembrar aos jurados que a Justiça mineira
determinou, em janeiro de 2013, a expedição
da certidão de óbito de Eliza Samudio.

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