sábado, 9 de março de 2013

De briga com fã a juras de amor para ex; saiba como foram os últimos dias de Chorão

Nos meses que antecederam a última quarta-
feira (6), data na qual Klebber Atala,
motorista, e Victor Vasconcelos, segurança,
encontraram o cantor Chorão morto em seu
apartamento em São Paulo, o líder do Charlie
Brown Jr. teve momentos de irritação,
euforia, paixão, generosidade, paranoia e
reclusão.
Em seus últimos dias de vida, Chorão
procurou velhos amigos na rádio UOL 89 FM
e disse à ex-mulher que iria amá-la "para
sempre". Além disso, afirmou estar se sentido
perseguido. Teve ainda uma briga com um fã
no último show do Charlie Brown Jr. e
prometeu um emprego a outro admirador,
presenteando-o com o que pode ser seu
último autógrafo.
Último show do Charlie Brown Jr. teve
discussão com fã
"Foi aqui que eu fiz aquele show ruim no ano
passado, né?", perguntou Chorão antes de
subir ao palco da casa noturna Maria's, em
Balneário Camboriú, no dia 26 de janeiro
deste ano, para fazer sua última apresentação
à frente do Charlie Brown Jr..

Seis meses antes, o músico havia se
apresentado no mesmo local, mas o que ficou
marcado foi um discurso no início do show
sobre o fim do casamento, de 15 anos, com a
estilista Graziela Gonçalves.
Victor Polessi, funcionário da casa, foi quem
produziu as duas apresentações.

ele
contou que, diferentemente do show em 30
de junho , quando Chorão se trancou no
camarim e se recusou a falar com as pessoas,
em janeiro, o músico estava "bem mais
acessível" e prometeu se redimir para o
público.
"Conversei com ele por uns 15 minutos antes
da banda tocar. Tiramos foto, batemos papo.
Ele até brincou com o nome da casa, disse:
"Ainda bem que é Maria's no plural, porque
eu gosto de bastante"".
Polessi contou que, apesar do público menor,
3 mil ingressos foram vendidos para aquela
noite, 2 mil a menos do que no primeiro
show. A apresentação empolgou o público e
só não foi perfeita porque Chorão discutiu
com um fã no final.
"As pessoas que estavam por perto me
disseram que o Chorão se irritou com um
garoto que estava mostrando o dedo. Ele se
ofendeu e chamou o cara de 'playboy' no
microfone, depois até foi vaiado", disse
Polessi.
De férias da banda por conta do Carnaval,
Chorão passou a maior parte do mês de
fevereiro em São Paulo, sozinho, revezando
hospedagens em hotéis da capital. No feriado,
"ligou todos os dias para a Graziela", contou
Mariela Gonçalves, irmã da ex-mulher do
cantor.
Manobrista de restaurante acredita ter
último autógrafo de Chorão
Na terça-feira, 26 de fevereiro , Chorão
esteve no restaurante Kayomix, na rua da
Consolação, em São Paulo, onde ficou por
duas horas na companhia de dois homens. Lá,
ele conheceu Willians Lopes, ajudante dos
manobristas, com quem conversou por 10
minutos.

"Falamos sobre música e eu contei que tinha
banda. Ele ofereceu ajuda, falou que não tinha
uma vaga de músico para mim, mas que podia
arranjar um trabalho de roadie no Charlie
Brown. Ele também falou que ia me arranjar
convites para o próximo show", contou.
Na ocasião, Willians pediu um autógrafo para
o cantor. "Acho que fui o último fã que
conseguiu trocar uma ideia com o Chorão".
Questionado sobre o que pretende fazer com
a lembrança, Willians respondeu: "Vou
plastificar, botar moldura e deixar na parede.
Acho que não venderia por nenhuma grana. É
a única coisa que vou ter para lembrar de um
cara que eu adorava", disse.
Visita surpresa à UOL 89 teve clima
positivo
Dois dias depois, no dia 28 , Chorão apareceu
de surpresa, acompanhado do filho Alexandre,
na rádio UOL 89FM, em São Paulo, onde
entrou ao vivo no programa "Quem Não Faz
Toma", apresentado por Tatola e Maia. "Não
vim como representante do Charlie Brown,
vim como fã de vocês", disse o cantor aos
locutores.
Júnior Camargo, diretor-executivo da rádio,
conversou com Chorão durante a visita.

ele contou que achou o colega, a quem
conhecia havia 20 anos, entusiasmado.
"Ele disse algumas vezes que estava triste pela
separação, o que é normal depois de um
casamento de tantos anos, mas falou: "A vida
continua". Ele me passou alegria de viver de
trabalhar", afirmou Camargo.
Os dois conversaram sobre fazer parcerias
para promoções e até cogitaram a hipótese de
produzirem um show do Charlie Brown para a
rádio juntos. "Ele falou sobre o álbum, contou
que já estava terminado e combinamos de
estrear o single, 'Meu Novo Mundo', no dia 8
de março", disse o diretor da rádio.
"Ele autografou objetos, tirou foto, conversou
com estagiários e andou de skate, fazendo
manobras pelo estúdio. Não parecia uma
pessoa derrotada, pessimista, nem de longe",
opinou Camargo. "Quando foi embora, ele me
deu o número de telefone e disse: "Pode me
ligar, a gente vai fazer um monte de coisas
juntos"".
Ainda no dia 28 de fevereiro , Chorão
procurou a ex-mulher Graziela, em São Paulo,
e foi a última vez que a estilista viu o ex-
marido pessoalmente.
Chorão acreditava que mídia iria publicar
história negativa sobre ele
Klébber Atala, motorista e "faz tudo", acredita
que foi a pessoa que esteve mais próxima de
Chorão nos dias que antecederam a morte do
cantor.
"Conhecia o Chorão havia nove anos. Nunca
tinha o visto tão deprimido, mas tenho
certeza que ele nunca cogitou suicídio"

No sábado, 2 de março, Atala e Chorão
tomaram café da manhã juntos no hotel
Renaissance, no bairro dos Jardins, onde o
músico passou o resto do dia.
Segundo o motorista, o cantor estava
mudando constantemente de hotéis porque
achava que "a mídia iria publicar uma história
negativa sobre ele".
Mesmo depois de Atala ter pesquisado na
internet e tranquilizado o músico, explicando
que nada sobre ele havia sido publicado nos
últimos dias, Chorão pediu para ir para
Santos.
A viagem não aconteceu e o motorista deixou
o músico em seu apartamento em Pinheiros
no domingo, 3 de março . "O Chorão não
tinha telefone fixo e não atendia celular. O
único jeito de falar era pelo porteiro",
contou.
Irivanildo Costa Silva, porteiro há cinco anos
no edifício Occto Morás, onde Chorão
mantinha um apartamento no 8º andar,
contou que o vocalista do Charlie Brown. Jr.
sempre era visto sozinho no local, nunca com
amigos. E que a permanência dele no
apartamento nunca durava mais que dois ou
três dias.
"Vou te amar para sempre, sempre,
sempre", disse Chorão para ex-mulher
"A última vez que vi o Chorão foi na segunda-
feira, 4 de março , à tarde. Ele saiu por volta
das 14h20 e retornou às 15h30. Ele
comentou que ficaria alguns dias no
apartamento. Depois estranhei por que ele
não saiu mais de lá", contou Irivanildo

Próximo ao apartamento de Chorão, na zona
oeste de São Paulo, fica o bar do Juarez, onde
o cantor sempre bebia dois ou três chopes,
acompanhados de uma porção de pastéis
mistos. Antes de ir embora, Chorão pedia um
refrigerante Pepsi.
"Sempre o via no bar sozinho ou com o
segurança dele. Mas fazia mais de um mês
que ele não aparecia", explicou o garçom
Francisco Guimarães.
Na mesma rua fica o sushi Kioku, outro lugar
frequentado por Chorão. "Ele nunca sentava lá
dentro. E o cara comia, nossa! Se jogava na
comida! Pedia o rodízio e os pratos à la carte
ao mesmo tempo!", brincou o funcionário
Wallace Santos.
"No começo de dezembro foi a última vez que
o vi por aqui. Mas ele não era o mesmo cara
de antes, pois não conversava ou dava risada.
De fato, estava mais fechado", relatou o
funcionário.
Adepto da comodidade do delivery, Chorão ia
pouco ao supermercado Mambo próximo de
sua casa. Thais Oliveira, caixa do
estabelecimento, contou que passou uma
compra do cantor em dezembro.
"Ele estava com um amigo empurrando um
carrinho cheio de Budweiser. Quando estava
passando a compra, brincou: 'O médico falou
para eu só tomar líquido. Estou seguindo a
recomendação dele'", contou a funcionária.
No apartamento do cantor foram encontradas
latas e garrafas da mesma cerveja.

Neste intervalo de 1h10, Chorão caminhou
cerca de 500 metros de seu apartamento até a
loja Fnac de Pinheiros. No local, subiu
diretamente para o 1º andar e permaneceu no
setor de eletrônicos, onde observou fones de
ouvido e televisores.
Segundo funcionários da loja, o cantor era
visto com frequência no local, onde gostava
de procurar jogos de videogame,
especialmente os relacionados a skate e
futebol.
Quando retornou para o edifício, Chorão
ainda recebeu a visita de seu segurança Victor
Vasconcelos, no final da tarde. "Ele trouxe
para o Chorão uma sacola com roupas",
afirmou Irivanildo. Atala confirmou a visita:
"O Victor foi lá na segunda para deixar
comida".
No mesmo dia, Chorão telefonou para a ex-
mulher Graziela e fez juras de amor. "Vou te
amar para sempre, sempre, sempre", disse
Chorão, conforme mensagem publicada pela
estilista no site oficial do Charlie Brown Jr..
"Depois disso, ele não ligou mais e a Graziela
começou a suspeitar que algo estava
estranho", contou Mariela, ex-cunhada de
Chorão.
De acordo com informações do delegado
Itagiba Franco, da Polícia Divisionária DHPPP
(Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa), um vizinho de Chorão afirmou, em
depoimento, ter ouvido barulhos fortes de
móveis sendo arrastados vindos do 8º andar
por volta das 6h da manhã da terça-feira, 5
de março .
Irivanildo, o porteiro, relatou que na tarde de
terça, Atala pediu para que ele interfonasse
no apartamento, uma vez que não estava
conseguindo falar com Chorão pelo telefone.
Mas o cantor não atendeu, o que gerou
desconfiança no motorista.
Atala então ligou para Victor, que estava em
Santos e possuía uma cópia da chave do
apartamento, pedindo que ele voltasse para
São Paulo. Os dois combinaram de se
encontrar às 20h, mas Victor pegou um
congestionamento na estrada e só chegou bem
mais tarde.
Somente por volta das 4h30 da madrugada de
terça para quarta, 6 de março , os
funcionários conseguiram abrir o
apartamento. Ao entrar, se depararam com
pisos de madeira arrancados, um buraco feito
na parede, embalagens de bebidas, cartelas de
remédios, vestígios de sangue, pó branco e,
na cozinha, o corpo de Chorão.

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