Está oficialmente encerrada a avalanche de
aparições de Anderson Silva em programas de
TV e entrevistas. Nesta terça-feira ele viaja
para Los Angeles, onde começa sua preparação
para sua 11ª defesa de cinturão dos médios do
UFC, contra Chris Weidman. Mas o blog
conversou com o Spider antes de ele embarcar
para os Estados Unidos.
De muito bom humor antes de gravar um
comercial de TV para um de seus
patrocinadores, Anderson contou que está
muito satisfeito com a postura do desafiante
na luta do dia 6 de julho, em Las Vegas.
“Weidman é um cara inteligente e está
vendendo essa luta de uma maneira saudável.
Ele terá a chance de provar que pode ser
campeão.”
Mas, com 38 anos recém-completados, ele já
está preparando o terreno para quando parar
de lutar. Se tornar ator já é uma certeza em
seu futuro, tanto que já está fazendo aulas
para isso. Mas para quem acha que ele
estrelará filmes de ação ou fará personagens-
lutadores, ele já avisa: quer mesmo é trabalhar
em comédias, ao melhor estilo Eddie Murphy.
Nessa conversa, ele ainda deixou em aberto
uma possível luta com Jon Jones, ainda mais no
sonhado evento em Nova York, revelou o
trabalho de preparação que a agência 9ine, de
Ronaldo, fez com ele antes de encarar
maratonas de mídia e revelou seu estilo como
professor de artes marciais.
Qual tipo de luta é mais fácil de vender,
contra um falastrão como Chael Sonnen ou
contra um boa-praça como Chris
Weidman? A gente não pode esquecer que isso
é um esporte, um esporte violento. Algumas
pessoas estão conseguindo entender e outras
não. Quando você tem um cara que não
entende a maneira correta de vender esse
esporte, você acaba tendo problemas, como
teve o Sonnen, que acabou se perdendo no
meio da loucura dele. Ficou ruim para o
esporte.
Então você aprova esse estilo de seu
próximo rival, sem provocações e
ataques? Quando você vai vender uma luta,
você tem que vender como um esporte, como
dois atletas que estão se preparando para algo
importante, para dar aos fãs o que eles
gostariam de ver. E é isso que o Weidman está
fazendo, um cara inteligente, e é o que eu
sempre fiz.
Por que você e seus agentes mudaram de
postura em relação ao Weidman, já que
antes negavam o combate por achá-lo
muito inexperiente? Ele se credenciou para
isso, independente de ele ser muito jovem ou
não, de ter menos lutas ou não, é a
oportunidade que o UFC está dando para ele
mostrar que pode ser o novo campeão. Ele é
um cara que tem de ser respeitado. Assim
como ele, outros jovens virão. Isso é a
evolução do esporte.
E a quantas anda a negociação para você
enfrentar o Jon Jones em um possível
evento em Nova York? Isso está sendo
conversado ainda, não está fechado, nada
confirmado. Pode ser que aconteça, tem tanta
coisa pra acontecer. Logo no início as pessoas
queriam uma luta minha com o GSP, que não
aconteceu. Agora as pessoas cogitam uma luta
minha com o Jon Jones. Esse evento em Nova
York pode ser que seja com ele, pode ser que
não, pode ser uma outra disputa de cinturão.
Já assinou seu propagandeado contrato de
dez lutas com o UFC? Não!
Sua luta com o Weidman será a primeira
desse novo contrato? Talvez!
Você se vê fazendo essas dez lutas? Se elas
acontecerem e se encaixarem em cinco anos,
pode ser que sim. Se passar, aí vou ficar
devendo para os fãs e para o UFC.
E seu projeto para ser ator de cinema?
Conseguiu rodar o filme com o Steven
Seagal que você disse que faria? Já rolou
esse filme, mas por conta de outros
compromissos, eu não consegui fazê-lo. Então
tive de adiar os planos de fazer um filme ao
lado do grande Steven Seagal. Eu realmente
penso em fazer cinema, estou fazendo meu
curso de arte e de atuação, estou fazendo
minha preparação para isso. Mas por
enquanto, meu foco é minha luta. Acho que eu
tenho mais cara para fazer comédia, algo
como “Um Tira da Pesada” do que viver um
lutador.
O que sua vida mudou depois que você
passou a ter a carreira agenciada pela 9ine
[em fevereiro de 2010]? Você estava ciente
do boom que você teria com o público? A
visão que toda a equipe da Nine, juntamente
com o talento e o produto que é o Anderson
Silva, foi algo que teve um casamento bacana.
A sintonia é muito boa. Sempre que posso
estou conversando com o Ronaldo. É o que eu
falo desde as primeiras entrevistas depois que
eu assinei com a Nine. Tudo isso era um bebê,
recém-nascido, que precisava de cuidados. E
hoje se tornou o que é porque tomamos todo
cuidado com esse bebê, mas ainda precisa de
cuidados. Hoje é um jovem que uma hora terá
a fase de problemas, que é normal, e aí ele vai
se tornar um adulto. É nisso que estamos
trabalhando.
Mas antes você tinha uma agenda mais
tranquila, tinha mais tempo livre antes e
depois das lutas. Você estava pronto para
essa maratona? Antes de começar isso tudo,
houve uma preparação. Não foi assim: Ah o
Anderson é legal, o Ronaldo falou ‘o Anderson
é legal e por isso vamos te contratar’. Teve um
trabalho com toda equipe da Nine, todo
mundo me preparou para que eu pudesse
chegar onde estou hoje. Antes de começar
toda essa maratona, tive um treinamento duro
para que eu estivesse aqui hoje.
Você abriu recentemente sua academia de
artes marciais em Los Angeles e vi que você
já está dando aulas lá. Qual é seu estilo
como mestre e professor? O Anderson
professor é um cara que procura cobrar o que
tem que cobrar. O grande problema, hoje em
dia, dessa evolução que teve o MMA é que os
atletas acabaram esquecendo a filosofia da
arte marcial. Eu cobro muito isso dos meus
alunos. Hoje em dia você vai a uma academia
que não tem nenhum faixa-preta formado em
educação física ou que saiba primeiros
socorros.
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