O mercado de computadores pessoais não é
mais o mesmo. Diferente de alguns anos
atrás, quando esta categoria crescia na casa
dos dois dígitos por ano, a venda de PCs tem
caído constantemente. Uma das possíveis
explicações para essa mudança tem relação
direta com o crescimento na venda de
smartphones e tablets. Atualmente esses
dispositivos móveis soam muito mais
atraentes aos consumidores que os
convencionais computadores.
De acordo com números da consultoria de
mercado Gartner, o mercado de
computadores tem apresentado redução de
vendas nos últimos quatro trimestres. Ao
comparar o desempenho da categoria no
primeiro semestre de 2013 com o mesmo
período de 2012, a consultoria diz que houve
redução de 7,7%. Só no primeiro trimestre
do ano foram comercializados 79,2 milhões
de PCs.
Em comparação, o mercado de tablets, apesar
de vender em menor escala que os
computadores, tem expectativa de
crescimento de quase 70% em 2013. O ano de
2012 fechou com 116 milhões de unidades
vendidas, enquanto este ano deve acabar com
197 milhões. A previsão é que os tablets
ultrapassem as vendas dos PCs em 2015.
Além do brilho ofuscado diante dos
ultraportáteis, os analistas apontaram como
problemas para o mercado de PCs a maior
duração dos aparelhos, o fato de uma boa
parte da população já ter computador e o
crescente uso de serviços diretamente da
internet.
Ciclo de vida maior dos computadores
Para entender o problema, basta lembrar
como era o mercado de computadores há
alguns anos. De acordo com Steve Kleyhans,
analista da consultoria de mercado Gartner, o
comum era que as pessoas trocassem de
computador com uma frequência de três
anos. Porém, atualmente, esse ciclo tem se
estendido. Por consequência, a rotatividade
desses aparelhos diminui.
"Hoje em dia, as máquinas de alguns anos
atrás ainda funcionam bem. Não há nada
muito novo em termos de serviços ou
aplicações que levam os usuários a pensarem
em comprar um computador novo. Em
comparação, há uma série de novas
funcionalidades em dispositivos móveis, como
smartphones e tablets. Isso faz com que os
usuários pensem: 'Isso é legal. Eu gostaria de
ter um desses'".
Tudo na internet
Antigamente, o usuário de computador tinha
de acompanhar a evolução do sistema
operacional comprando novos equipamentos
de hardware. Porém, essa lógica começou a
mudar por dois motivos: a computação em
nuvem e o fato de o sistema operacional
predominante no mercado (Windows) ter
ficado mais leve com o tempo -- mesmo em
máquinas com configurações mais simples, ele
funciona bem.
"Cada vez mais os serviços preferidos dos
usuários estão disponíveis diretamente na
internet. Logo, não é necessário ter uma alta
capacidade de hardware", disse Ivair
Rodrigues, diretor de pesquisa da consultoria
IT Data. Serviços como e-mail ou mesmo
jogos simples não exigem nem espaço no
disco rígido do usuário. A maioria deles é
acessado diretamente via navegador.
Oportunidade
Uma das tentativas do mercado de voltar a
tornar os computadores mais atraentes é o
Windows 8. Por contar com uma interface
adaptada para dispositivos sensíveis ao toque,
ele tenta juntar o melhor dos dois mundos: a
produtividade do computador alinhada a uma
interface de tablet.
Alguns analistas culparam essa plataforma,
lançada em outubro de 2012, pela queda na
venda mundial de computadores.
Para Kleyhans, essa associação pode ser
injusta."Os problemas do mercado de PC
ocorrem há um tempo. Não é plausível culpar
o Windows 8 ou achar que o sistema
resolveria tudo. Essa categoria tem passado
por um processo de reestruturação", afirmou
o analista do Gartner.
Ele cita como uma das oportunidades desse
ramo os computadores híbridos (laptops que
também funcionam como tablets). Ainda
caros, esses aparelhos são a aposta de
diversas fabricantes para convencer os
consumidores a investir em um novo
computador pessoal. Falta aos usuários a
certeza de que os híbridos podem mesmo
fornecer uma boa experiência de
produtividade (presente nos computadores) e
consumo de conteúdo (presente nos tablets).
"Ainda estamos na primeira geração desses
computadores. Acho que o preço vai cair com
o tempo. Além disso, imagino que as
companhias vão passar a se preocupar em
fornecer aplicativos para melhorar a
experiência em computadores com tela
sensível ao toque".
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