Depois de abraçar a causa do perdão da
dívida dos clubes de futebol com o governo
federal , o Ministério do Esporte pretende
colocar na pauta de discussão do futebol
brasileiro a limitação no tamanho do elenco
dos clubes e do gasto com salários dos
jogadores, além de alinhar o calendário do
futebol nacional com o do futebol europeu. De
acordo com o projeto em discussão no
Ministério, os times teriam um limite de até 25
atletas em seus elencos e poderiam gastar no
máximo 60% de suas receitas com a folha de
pagamento dos atletas.
De acordo Toninho Nascimento, titular da
recém-criada Secretaria Nacional de Futebol e
Direitos do Torcedor da pasta do Esporte, a
ideia é encampar essas mudanças assim que for
decretado perdão da dívida dos clubes, avaliada
em pelo menos R$ 2 bilhões apenas em
impostos, taxas e contribuições não pagas pelos
clubes ao governo. "Não será um processo
impositivo", afirma Nascimento. "A ideia é
trazer os clubes para este debate e todos
percebam que é o melhor para o futebol.
Muitas destas sugestões já são realidade no
futebol europeu", afirmou.
Uefa
A Uefa (União Europeia de Futebol) possui uma
regra que limita o tamanho do elenco dos times
que participam da Liga dos Campeões e da Liga
Europa a 25 jogadores com mais de 21 anos.
Oito deles devem obrigatoriamente ser atletas
revelados nas categorias de base do time. A
regra da Uefa não obriga a escalação dos
atletas vindos da base ou de qualquer um dos
jogadores nem para o banco de reservas. Diz
respeito apenas à composição do elenco.
O número de atletas abaixo dos 21 anos no
elenco é livre. De acordo com o site da
entidade, a ideia é dar mais oportunidade aos
jovens jogadores, estimular a formação de
atletas na base dos clubes e impedir que os
grandes concentrem talentos mesmo sem
aproveitá-los em campo. Ligas nacionais
europeias já adotaram regras semelhantes. Na
Inglaterra, por exemplo, os times participantes
da Premier League tem de seguir a regra da
Uefa desde 2010.
No Brasil, proposta similar promete gerar
polêmica. O Corinthians e o Fluminense, por
exemplo, possuem hoje 33 jogadores no
elenco, a maioria acima dos 21 anos. O São
Paulo conta com 32 atletas e o Santos, 35.
'Responsabilidade'
Para o secretário nacional de Futebol e Direitos
do Torcedor, a limitação de 60% da receita
com salários de atletas, outro ponto do pacote
que vem aí, visa forçar a responsabilidade fiscal
e financeira dos clubes. Seria uma maneira de
ter certeza que os dirigentes terão
responsabilidade na gestão dos recursos,
arquem com suas obrigações fiscais e invistam
em outros projetos, como de esportes
olímpicos.
"Não sei se é esse o caminho, o governo
definir como e quanto um time pode gastar é
complicado, acho que é interferência demais",
afirmou o dirigente de um
grande clube de futebol carioca que esteve em
Brasília nesta semana e pediu para não ser
identificado na reportagem, para evitar uma
"polêmica desnecessária" com o governo antes
da hora.
O Corinthians, por exemplo, gastava em 2011,
ao todo, 68% de sua receita com o
departamento de futebol. O Palmeiras, 78%, o
Fluminense 80% e o Atlético-MG, 91%. A
exceção ficava por conta de Vasco e Flamengo,
com 58% e 59%, respectivamente.
Já o alinhamento do calendário brasileiro com
o europeu seria para, por exemplo, os times
nacionais terem a oportunidade de realizar pré-
temporadas em outros países, como os Estados
Unidos, China e na própria Europa. Nascimento
usa como exemplo o Real Madrid, que faz
excursões de pré-temporada para outros
países, realiza jogos com times locais e ganha
dinheiro com isso.
"Imagina o Atlético Mineiro com Ronaldinho,
por exemplo, fazer uma pré-temporada nos
EUA, que tem muitos torcedores brasileiros. Ia
ser um sucesso estrondoso. Além da excursão
em si, ajudaria em muito a tornar o time mais
conhecido, vender mais camisas, enfim, um
grande negócio", afirma o secretário. Desta
vez, quem não deve gostar da ideia são os
jogadores, que teriam de trocar as férias
tradicionalmente marcadas para o verão pelo
intervalo no meio do ano, durante o inverno.
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Governo quer limitar tamanho de elencos e gastos com salários no futebol
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