quinta-feira, 25 de abril de 2013

Médicos protestam na Paulista contra valores pagos pelos planos

Profissionais da saúde fizeram na manhã de
hoje (25) um protesto na avenida Paulista
(região central de SP) contra os valores pagos
pelos planos de saúde, considerados baixos
pela categoria.
O ato faz parte das mobilizações do Dia
Nacional de Alerta na Saúde Suplementar, que
gerou manifestações em todo o país e, em
alguns Estados, suspensão dos atendimentos -
exceto para casos de emergências e urgências.
Ainda não foi divulgado um balanço de
quantos médicos aderiram à paralisação.
Em São Paulo, além dos médicos,
participaram do protesto profissionais de
odontologia e fisioterapia. Os manifestantes
exibiram faixas nos principais cruzamentos da
Paulistas e fizeram panfletagem, sem
atrapalhar o trânsito. Depois, eles soltaram 10
mil balões, próximo ao edifício da Gazeta.
Florisval Meinão, presidente da APM
(Associação Paulista de Medicina), explica que
a manifestação congregou também os
fisioterapeutas e dentistas para ganhar força
na mobilização contra as empresas de saúde.
"Esse é um movimento que tende a crescer
nos próximos anos, porque todas as classes
profissionais estão insatisfeitas."
O maior problema enfrentado por essas
categorias, de acordo com Meinão, são os
valores insignificativos pagos pelo trabalho
dos médicos. "Os honorários estão muito
baixos, foram sub-reajustados ao longo dos
anos. Hoje, concretamente, existe uma grande
defasagem dos valores que nós recebemos em
relação à inflação no período ou em relação
ao aumento nas mensalidades dos usuários",
disse ele.
Segundo Meinão, os contratos feitos pelos
médicos com os planos de saúde não
apresentam cláusulas claras quanto aos
reajustes. "Eles não atendem às determinações
da Agência Nacional de Saúde Suplementar,
que determinou que fossem colocadas [as
cláusulas sobre reajustes] nesses contratos",
declarou.
Veja imagens
O presidente da APM acredita que o principal
prejudicado diante desses impasses é o
usuário. "Tudo isso gera uma insatisfação
muito grande, que se reflete no atendimento
prestado ao usuário.
As pessoas, hoje, têm dificuldade em realizar
consultas. Nas unidades de emergência, a
espera é muito prolongada, há dificuldades de
encontrar médicos para a realização de
cirurgias, há dificuldade de leito hospitalar,
de UTI [Unidade de Terapia Intensiva]", disse.
VALORES
Andréia Fuchs, representante do Conselho
Regional de Fisioterapia, disse que há grande
insatisfação também entre os fisioterapeutas
que atendem convênios médicos. "Para se ter
uma ideia, existem convênios que pagam R$
3,50 por atendimento. E, minimamente, você
fica meia hora com o paciente, tem sessões
que, dependendo da patologia, você fica uma
hora. Então, tem muitos profissionais
deixando de atender convênio, fechando suas
clínicas ou preferindo atender particular",
reclamou.
Ela criticou, além disso, a falta de
cumprimento de alguns planos quanto à
tabela de valores. "Você não tem como
prestar um bom atendimento, não tem como
sobreviver dessa profissão com dignidade com
uma remuneração dessa. Alguns planos de
saúde não cumprem a tabela de referenciais
de honorários, o que torna o atendimento
mais difícil ainda", informou.
Rada Elachkar da Silva, conselheira do
Conselho Regional de Odontologia, relatou que
entre os dentistas os preços pagos afetam
procedimentos importantes.
"Os valores das consultas, de uma
restauração, de uma exodontia - que é uma
remoção do dente, o tratamento de canal, são
os principais procedimentos prejudicados",
disse. "Com os preços que os planos de saúde
pagam, irrisórios, é impossível o profissional
atender com esses valores", acrescentou ela.
OUTRO LADO
A Abramge (Associação Brasileira de Medicina
de Grupo) diz que os planos de saúde que
representa têm participado de grupos de
trabalho e câmaras técnicas que analisam
novos modelos de remuneração aos
profissionais da saúde.
"As operadoras e os médicos prestadores de
serviços devem negociar a remuneração caso
a caso (...) O movimento dos médicos é
aceitável, desde que não prejudique o
atendimento aos beneficiários dos planos de
saúde", afirmou a associação em nota.
Já a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde
Suplementar) afirmou que as operadoras
associadas a ela "estão preparadas para
garantir o atendimento aos beneficiários dos
seus planos de saúde" com o possível boicote
de médicos, dentistas e fisioterapeutas.
"As filiadas têm empenhando grande esforço
em recompor os honorários dos profissionais
de saúde. Para tanto, os reajustes dos valores
pagos por cada consulta médica são aplicados
com base em índices acima da inflação e,
muitas vezes, superiores ao teto fixado pela
ANS", afirmou em nota.

Nenhum comentário:

Postar um comentário