O titular do distrito policial de Bonsucesso
(21ª DP), José Pedro Costa da Silva, esteve
nesta quarta-feira (3) no Hospital Getúlio
Vargas para ouvir o motorista do ônibus que
caiu na avenida Brasil, zona norte do Rio de
Janeiro, matando sete pessoas na terça (2).
Segundo Silva, o condutor André Luiz da Silva
Oliveira, 33, teve perda de memória recente e
não se lembra de nada do que aconteceu no
dia do acidente.
"O motorista não tem condições de prestar
esclarecimentos. Ele ainda está em estado de
choque e não se recorda do acidente, a
memória recente dele está prejudicada",
afirmou o delegado. Ele teve fratura na perna
e traumatismo craniano.
A principal hipótese com a qual o delegado
trabalha é a de agressão ao motorista durante
uma discussão com um passageiro. Oliveira
estaria em alta velocidade quando passou do
ponto onde um jovem queria descer e isso
teria iniciado a briga. "Já temos algum
indicativo de autoria e precisamos formalizar
o reconhecimento dessa pessoa que seria o
agressor. Seria um universitário", disse.
Se comprovada a responsabilidade de um
suposto agressor –que ainda não foi
identificado--, ele pode responder por
homicídio doloso (com intenção de matar), de
acordo com o titular da 21ª DP.
Briga
Uma das pessoas que ficou ferida no
acidente, Amanda Santana Silva, 19, disse
para sua mãe que o motorista levou um
chute no rosto segundos antes do veículo
cair do viaduto Brigadeiro Trompowski.
A mãe de Amanda, Conceição Rodrigues
Santana, que foi visitá-la no Hospital Getúlio
Vargas, na Penha, zona norte do Rio, contou
que, segundo a jovem, o motorista não parou
no ponto onde um homem queria descer,
antes do viaduto. Os dois teriam iniciado uma
discussão e o jovem teria pulado a catraca e
chutado o rosto do condutor, que perdeu o
controle do veículo. "Ela disse que o homem
pulou a catraca, ficou discutindo com o
motorista e acertou um pontapé no rosto
dele. Ela disse que viu o motorista virando de
lado, e o ônibus caiu", afirmou.
Câmeras
A polícia procura agora pelo chip da câmera
interna do ônibus, que se perdeu durante o
acidente. Sem ele, não é possível visualizar as
imagens gravadas no interior do veículo. Uma
equipe faz uma busca nos destroços do
ônibus para tentar encontrar o dispositivo.
"Com o choque, o cartão de memória se
perdeu. Estamos fazendo uma perícia
complementar no ônibus para encontrar",
afirmou o delegado.
Por enquanto, o ele espera trabalhar com as
imagens registradas pelas câmeras da CET-Rio
(Companhia de Engenharia de Tráfego), que
mostrariam o veículo do lado de fora no
momento do acidente.
Licenciamento vencido
O ônibus da Viação Paranapuan estava com a
vistoria anual obrigatória do Detran-RJ
vencida. De acordo com o site do Detran-RJ,
o último licenciamento do coletivo, placa KYI
0973, foi feito em 2011.
Fabricado em 2007, o ônibus acumula 47
multas desde 2008, que somam R$ 4,4 mil,
segundo a página da Secretaria Municipal de
Transportes (SMTR) na internet. A última
infração foi registrada em 19 de março, às
14h03, por transitar na Avenida Presidente
Vargas, no Centro do Rio, acima da velocidade
permitida. Há outras 13 multas por excesso
de velocidade, e 12 por avanço de sinal.
O acidente deixou sete mortos e 11 feridos,
dois em estado gravíssimo. Os mortos foram
identificados pelos bombeiros como Luiz
Antônio do Amaral, de 41 anos; Marcius
Flávio do Nascimento, de 36; Oséas da Silva
Cardoso, de 39; Ângela Maria Reis da Silva, de
62; Francisco Batista de Souza, de 40; José
Aparecido de Jesus, de 41; e Luciana Chagas
da Silva, de 26.
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