O coordenador nacional do MST (Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra), João Pedro
Stedile, afirmou nesta segunda-feira (15) que
assentados bloquearão as estradas do país por
19 minutos na próxima quarta-feira (17), em
memória aos 19 mortos no massacre de
Eldorado dos Carajás, ocorrido há 17 anos.
Os protestos fazem parte da Jornada Nacional
de Lutas, promovida pelo MST todo abril, a
fim de pressionar o governo federal a acelerar
o processo da reforma agrária. Haverá
também marchas em cada um dos Estados, de
acordo com o líder sem-terra.
Campos desapropria fazendas em Pernambuco
após invasões de terra
Membros do MST deixam sede de órgão do
governo do DF
Dilma é a que menos desapropria desde Collor
Stedile criticou o governo federal pela
lentidão na desapropriação de terras para a
reforma agrária. Ele eximiu a presidente Dilma
Rousseff de culpa e atribuiu a "puxa-sacos
que a cerca" a redução no número de famílias
assentadas.
"Provavelmente vamos dar a taça para a
Dilma do pior governo desde a ditadura, que
menos assentou gente. Acredito que ela está
sendo enganada por um bando de puxa-sacos
que a cerca, que ficam utilizando argumentos
pró-agronegócio, dizendo que a reforma
agrária é cara" disse o coordenador nacional
do MST.
A Folha revelou em janeiro que o governo
Dilma é o que menos desapropriou imóveis
rurais para fazer reforma agrária nos últimos
20 anos. Na primeira metade do mandato, 86
unidades foram destinadas a assentamentos.
Comparado ao mesmo período das
administrações anteriores desde o governo
Sarney (1985-90), o número supera só o de
Fernando Collor (1990-92), que desapropriou
28 imóveis em 30 meses. Dilma disse que vai
acelerar a reforma agrária "com terra de
qualidade".
Questionado sobre quem eram os "puxa-
sacos", ele afirmou: "É o segundo escalão que
está no Incra, na Casa Civil, no Ministério do
Desenvolvimento Agrário que, imagino,
informam a presidente com informações não
adequadas com a realidade. Não permitem
que cheguem críticas."
Stedile afirmou ainda que a composição da
base governista dificulta a realização de mais
assentamentos.
"É uma conjugação de fatores. Por isso não
coloco a culpa pessoal dela. O governo Dilma
é um governo de composição. Dentro dele
tem a bancada ruralista, o agronegócio", disse
ele em coletiva de imprensa na ABI
(Associação Brasileira de Imprensa).
O líder do MST disse que há ainda fatores
econômicos que impedem a reforma agrária.
O principal deles é a compra de terras por
multinacionais, disse ele.
"Há também uma conjuntura nacional em
que, na agricultura, em função da crise do
capitalismo internacional, entrou muito
dinheiro de capital estrangeiros. Vieram para
o Brasil investir em terras, usinas, etanol. São
eles os responsáveis pela especulação
agrícola."
Ele atribuiu a essa entrada do capital
estrangeiro a inflação nos produtos agrícolas
registrado nas últimas semanas.
"A tal da inflação agrícola não tem nada a ver
com custo de produção. A inflação agrícola
que existe no Brasil é fruto da especulação
que os grandes capitalistas estão fazendo com
as commodities da agricultura."
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Líder do MST promete bloqueio em estradas na quarta
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