segunda-feira, 22 de abril de 2013

'Se nascesse hoje, não entraria na política', diz Sarney a jornal do Maranhão

O ex-presidente da República e do Senado
José Sarney (PMDB-AP) afirmou, em entrevista
ao jornal "O Imparcial", do Maranhão, que
não pretende se aposentar e garantiu que fará
política o resto da vida. Na entrevista, o
senador também falou sobre os valores a que
se dedicou em sua carreira e afirmou que, se
pudesse voltar no tempo, não entraria na
política.
"Se eu nascesse hoje, não entraria na política,
mas não posso dizer aos meus filhos, que
nasceram nesse tempo, que não o façam. A
política nos proporciona o pensar
coletivamente, com a possibilidade de
melhorar a sorte das pessoas da sua cidade,
do seu município, do seu Estado, do seu país
e da própria humanidade. Só se faz política
com espírito público, com devoção, com fé,
como se fosse uma religião. Para isso, são
necessários sacrifício, paciência e dedicação",
afirmou.
"Aos 80 anos, o futuro, como dizia Eliot, é o
presente, e, dentro do presente, estão o
futuro e o passado. Não penso em me
aposentar nunca. Até o fim da minha vida,
trabalharei todos os dias nas duas vertentes
que constituí na minha vida: a política e a
literatura", disse o senador, que completa 83
anos nesta quarta-feira (24).
Lênin
Sarney ainda destacou que não há política sem
alianças e sem união das pessoas, e diz que
sempre buscou apaziguar. "Ninguém faz
política sem aliados, e eu sempre a
compreendi como a arte de harmonizar
conflitos numa sociedade plural, democrática
e controversa. Nunca aceitei a definição de
Lênin de que a política deve ser uma guerra e
que os adversários devem ser considerados
inimigos que devemos exterminar. Foi minha
prática constante, ao longo de toda minha
carreira, o exercício da arte do diálogo para
compreender a posição e o pensamento dos
outros. Dentro desse quadro, penso que a
oposição é necessária e contribui para que
cada um prove que a democracia é um estado
de espírito", disse.
O senador ainda afirmou que vai lançar, em
breve, uma biografia. "Estou com meu livro
de memórias concluído. Devo entregá-lo
dentro de alguns meses aos editores. Espero
que, até o fim do ano, esteja publicado. Ele
sairá, ao mesmo tempo, em português e
espanhol. Não abandonarei a poesia, a ficção
e o jornalismo. Tenho verdadeira fascinação
pelo jornal. Não sei como viveria se não
escrevesse quase semanalmente. O jornal e o
livro, para mim, são as maiores invenções da
humanidade", disse.

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